Crédito rural trava recuperação do Banco do Brasil (BBAS3), avaliam XP e Safra

A XP e o Safra apontaram a pressão do agro e alta das provisões como entraves. O lucro caiu 60% e banco revisou metas e projeções para 2025.

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Publicado em 13/11/2025 às 16:15h - Atualizado 14 horas atrás Publicado em 13/11/2025 às 16:15h Atualizado 14 horas atrás por Matheus Silva
Na mínima intradia, as ações chegaram a recuar 6,62% (Imagem: Shutterstock)
Na mínima intradia, as ações chegaram a recuar 6,62% (Imagem: Shutterstock)
🚨 Após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2025, o Banco do Brasil (BBAS3) segue enfrentando forte pressão do mercado. 
Para as casas de análise XP e Safra, o desempenho da estatal confirma a deterioração da carteira de crédito, em especial no segmento agropecuário, como o principal entrave à recuperação dos lucros e da rentabilidade.
Apesar do lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões ter superado as estimativas das duas instituições, a queda de 60% em relação ao ano anterior e a revisão para baixo do guidance de lucro reforçam o cenário desafiador à frente.

XP: provisões pressionam resultado e recuperação deve ser lenta

Os analistas da XP, Bruno Guttmann e Matheus Guimarães, destacam que quase metade do aumento nas provisões veio da carteira Agro, com deterioração visível também em PJ e cartão de crédito para pessoa física. O custo de crédito chegou a R$ 17,9 bilhões, patamar considerado elevado.
Um dos maiores focos de preocupação é a Carteira com Rolagem, que representa 18,5% da carteira Agro e atingiu um recorde de R$ 67 bilhões. 
Segundo a XP, esse crescimento, aliado ao aumento do NPL+90, indica que a pressão sobre os ativos deve continuar nos próximos trimestres.
Do lado positivo, a Carteira de Crédito Expandida cresceu 7,5% na base anual, embora tenha desacelerado no trimestre, o que os analistas consideram saudável diante da piora na qualidade dos ativos.
A XP avalia como factível a nova meta de lucro do BB entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões no ano, mas mantém recomendação neutra para as ações. 
Para a corretora, o baixo ROE, a lenta recuperação operacional e o dividend yield modesto são fatores que desestimulam uma visão mais construtiva no curto prazo.

Safra: deterioração da carteira rural ainda sem ponto de inflexão

Já para os analistas do Safra, o cenário segue nebuloso, especialmente no crédito rural. O custo de risco saltou para 6,4%, e as provisões líquidas vieram 4% acima do esperado, impactando negativamente o lucro antes de impostos, que somou R$ 4,3 bilhões, 11% abaixo do projetado.
A carteira individual também é vista como fragilizada pela exposição ao agro, enquanto os indicadores de qualidade de crédito pioraram em praticamente todas as frentes: inadimplência de curto prazo, formação de NPLs e volume de repactuações.
Outro ponto criticado pelo Safra foi a revisão inesperada do guidance de lucro — de R$ 21-25 bilhões para R$ 18-21 bilhões — e a elevação da meta de provisões, agora entre R$ 59 bilhões e R$ 62 bilhões. 
📊 Segundo os analistas, isso evidencia que os desafios ainda estão longe de serem solucionados, e o atraso no programa de renegociação previsto na MP 1.314 contribuiu para o agravamento no trimestre.