Cosan (CSAN3) vai receber investimento bilionário do BTG (BPAC11)

Holding pretende levantar até R$ 10 bi em ofertas de ações e quase metade disso virá do BTG.

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Publicado em 22/09/2025 às 08:06h - Atualizado Agora Publicado em 22/09/2025 às 08:06h Atualizado Agora por Marina Barbosa
Com acordo, Cosan quer reduzir alavancagem e reforçar estrutura de capital (Imagem: Shutterstock)
Com acordo, Cosan quer reduzir alavancagem e reforçar estrutura de capital (Imagem: Shutterstock)

Cosan (CSAN3) fechou um acordo para levantar até R$ 10 bilhões e, assim, reestruturar as suas finanças.

A maior parte dessa verba será aportada pelo BTG Pactual (BPAC11) e pela gestora Perfin, que, com isso, vão entrar no rol dos maiores sócios da Cosan.

💲 O BTG Pactual investirá R$ 4,5 bilhões e a Perfin vai aportar mais R$ 2 bilhões na Cosan por meio de uma oferta pública de ações.

Fundador e presidente da Cosan, Rubens Ometto também vai contribuir com a operação, injetando mais R$ 750 milhões na holding por meio da empresa Aguassanta.

Dessa forma, a Cosan vai levantar um total de R$ 7,25 bilhões por meio da emissão de 1,45 bilhão de novas ações ordinárias, pelo preço de R$ 5 a ação.

Essa oferta ainda pode ser ampliada em 25%. Além disso, a Cosan prevê a realização de uma segunda oferta pública de ações, voltada a quem já é seu acionista.

Neste caso, a ideia é distribuir até 550 milhões de ações, com prioridade de subscrição para os acionistas registrados na última sexta-feira (19).

Dessa forma, a Cosan pretende levantar um total de R$ 10 bilhões por meio da emissão de até 2 bilhões de novas ações.

Qual o impacto das ofertas?

A operação é vista como uma forma de reestruturar as contas da Cosan, que já vinha há algum tempo buscando uma forma de levantar capital para reduzir o seu endividamento. Em janeiro, por exemplo, a Cosan zerou a sua posição na Vale (VALE3) já com esse intuito.

Agora, com a injeção de capital, a Cosan espera reduzir sua dívida de R$ 21,5 bilhões para R$ 7,5 bilhões. 

📊 A estratégia traçada por Ometto, no entanto, também implica na diluição da participação dos atuais acionistas da holding e foi fechada com deságio. Isso porque a ação da Cosan era cotada a R$ 7,50 no fechamento de sexta-feira (19), acima do valor de R$ 5 por ação que consta no acordo com BTG e Perfin.

Diante disso, analistas destacam o potencial de reestruturação e a chegada de novos sócios de peso para a Cosan, mas as ações da companhia desabam na bolsa nesta segunda-feira (22). O papel chegou a cair 22,5%, pressionando o Ibovespa.

Em relatório, a XP avaliou, por sua vez, que "os benefícios de resolver virtualmente as questões de estrutura de capital da holding podem se mostrar suficientemente valorizantes para compensar a diluição da transação".

Vale lembrar ainda que a realização das ofertas públicas ainda depende da aprovação dos atuais acionistas da Cosan. Por isso, uma assembleia geral de acionistas deve ser realizada no dia 23 de outubro para tratar do assunto.

Conseguindo o aval dos acionistas para avançar com o plano, a Cosan espera precificar as ofertas de ações em 11 de novembro.

O que diz a Cosan?

Em comunicado enviado ao mercado nesse domingo (22), a Cosan disse que o acordo foi fechado depois de um "longo processo de avaliação e negociação com potenciais investidores".

🗣 Segundo a holding, o objetivo das negociações era adequar sua estrutura de capital e reduzir sua alavancagem, mas também garantir retorno para os atuais acionistas, por meio das seguintes estratégias:

  • possibilitar o destravamento de valor aos acionistas, por meio da recomposição da flexibilidade financeira e do aumento da liquidez das ações;
  • assegurar que a base de investidores estratégicos contribua para o alinhamento e fortalecimento da governança corporativa e para a execução de sua estratégia de longo prazo;
  • assegurar comprometimento de longo prazo, inclusive com a assinatura de acordo de acionistas com o acionista controlador.

Nesse sentido, a Cosan ressaltou que BTG e Perfin são "grupos empresariais estratégicos […], que detêm investimentos diversos e em infraestrutura, que irão contribuir para o fortalecimento da governança corporativa e para a execução da estratégia da Companhia de longo prazo".

Pelo acordo, BTG e Perfin devem manter metade das novas ações da Cosan por um período de ao menos quatro anos. Além disso, o trato garante que Rubens Ometto continuará com maioria no Conselho de Administração da holding -ele deve indicar cinco conselheiros, enquanto BTG e Perfin ficarão com quatro assentos.

Ometto também seguirá à frente da Cosan pelos próximos seis anos. Depois disso, no entanto, é possível que o BTG assuma o controle da holding, já que o banco passará a ser o principal acionista da empresa após a operação.

Em comunicado enviado ao mercado nesse domingo (21), a Cosan destacou ainda que todo o recurso que for levantado na operação será utilizado na "renegociação e repagamento de suas dívidas financeiras, de forma a efetivamente reduzir a sua alavancagem financeira".

O recurso, portanto, deve ser aplicado inteiramente na Cosan, não chegando em subsidiárias como a Raízen (RAIZ4), que também mantém conversas com potenciais investidores e tem se desfeito de ativos para reduzir o seu endividamento.

A Cosan ainda tem participações na Rumo (RAIL3), Moove, Compass e Radar, além da Raízen. E o seu objetivo após essa injeção de capital é focar no portfólio atual de negócios e não fazer investimento em novas verticais.