Chuvas no RS podem afetar expectativas de inflação, diz presidente do BC

Presidente do BC disse a recente alta das expectativas já é uma "notícia bastante ruim".

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Publicado em 24/05/2024 às 16:52h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 24/05/2024 às 16:52h Atualizado 3 meses atrás por Marina Barbosa
O presidente do BCB, Roberto Campos Neto (Raphael Ribeiro/BCB)

O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, levantou novas dúvidas sobre o rumo da taxa Selic. Ele disse nesta sexta-feira (24) que as expectativas de inflação têm sido uma má notícia e ainda podem subir devido às chuvas no Rio Grande do Sul.

🗣️ Em seminário promovido pela Fundação Getúlio Vargas, Roberto Campos Neto classificou como uma "notícia bastante ruim" a recente alta das expectativas da inflação. Além disso, afirmou que o efeito das chuvas na produção agrícola do Rio Grande do Sul pode pressionar ainda mais essas projeções.

"Quem tem a inflação mais baixa para 2024 e 2025 tem um preço de alimentação relativamente comportado. Se você começa a pensar que por causa do Rio Grande do Sul e por causa das coisas que estão acontecendo o preço de alimento será um pouco mais alto, aí de fato você tem um número que pode ser um pouco maior", explicou.

O Rio Grande do Sul é um importante produtor de alimentos como trigo e arroz. Porém, muitas plantações foram devastadas pelas chuvas das últimas semanas.

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Expectativas de inflação

💲 No Boletim Focus desta semana, o mercado elevou a projeção para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 3,76% para 3,80% em 2024 e de 3,66% para 3,74% em 2025.

O Banco Central, no entanto, trabalha com uma meta de inflação de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%. 

Diante disso, o Copom (Comitê de Política Monetária) disse na última reunião que os juros continuariam altos "até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas".

O Copom ainda retirou o seu forward guidance. O mercado diz que a decisão deixa espaço para o comitê manter ou parar os cortes de juros na próxima reunião, marcada para 18 e 19 de junho. 

Com isso, o mercado vem reduzindo as projeções para o corte da Selic. No Focus, por exemplo, a projeção para os juros ao final do ano subiu de 9,75% para 10%. A taxa Selic está em 10,50% ao ano atualmente.

Prêmio Brasil

Para Campos Neto, a alta das expectativas de inflação reflete as dúvidas sobre o ambiente externo, mas também apontam para uma piora na percepção sobre o Brasil.

"Tem um tema de política fiscal, junto com externo e credibilidade do Banco Central", afirmou o presidente do BC, citando o relaxamento das metas fiscais do governo federal.

Logo após a fala de Campos Neto, o Ibovespa foi à mínima e o dólar atingiu a máxima do dia. O principal índice da B3 chegou a cair 0,3% e o dólar foi a R$ 5,17.