Tarifas dos EUA não assustam: Ibovespa sobe e ações da RD Saúde saltam 20%

O Ibovespa encerrou o pregão desta quarta-feira (6) com valorização de 1,04%, alcançando os 134.537,62 pontos.

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Publicado em 06/08/2025 às 17:45h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 06/08/2025 às 17:45h Atualizado 1 dia atrás por Matheus Silva
No câmbio, o dólar à vista caiu 0,78%, sendo negociado a R$ 5,4632 (Imagem: Shutterstock)

🚨 Mesmo com a estreia das tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros, a bolsa brasileira teve mais um dia positivo.

O Ibovespa encerrou o pregão desta quarta-feira (6) com valorização de 1,04%, alcançando os 134.537,62 pontos, impulsionado principalmente pelos balanços corporativos e pela perspectiva de que o Brasil não adotará medidas retaliatórias contra os EUA.

No câmbio, o dólar à vista caiu 0,78%, sendo negociado a R$ 5,4632, refletindo o alívio do mercado diante da postura moderada do governo brasileiro frente ao novo cenário comercial.

Governo evita confronto e aposta no diálogo

As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos — que atingem cerca de 50% dos produtos brasileiros — começaram a valer nesta quarta-feira (6).

Ainda assim, segundo a Casa Branca, quase 700 itens foram excluídos da cobrança adicional, o que trouxe algum alívio ao setor exportador.

Em busca de uma saída diplomática, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, antecipou que o governo trabalha em um plano de contingência.

Entre as medidas previstas estão linhas de crédito para empresas impactadas e o aumento das compras públicas. Haddad também informou que tem reunião marcada para a próxima semana com Scott Bessent, secretário do Tesouro norte-americano.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou essa posição em entrevista à agência Reuters, afirmando que não pretende adotar tarifas de retaliação, mantendo a aposta em negociações comerciais como caminho principal.

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RADL3 dispara e lidera ganhos no Ibovespa

O grande destaque do pregão foi a RD Saúde (RADL3), que viu suas ações subirem com força após divulgar um resultado trimestral robusto.

Os papéis da dona das redes Raia e Drogasil chegaram a disparar 20% ao longo do dia, terminando entre os mais negociados da B3.

No segundo trimestre de 2025, a empresa reportou lucro líquido ajustado de R$ 402,7 milhões, o que representa um avanço de 13% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o Ebitda ajustado alcançou R$ 885 milhões, alta de 7,4% na base anual.

Segundo relatório assinado pelos analistas Marcio Osako e Larissa Monte, da Ágora Investimentos/Bradesco BBI, “os resultados do 2T25 confirmaram nossa visão de que o pior já passou e esperamos que o mercado reaja positivamente com uma melhor visibilidade dos lucros e espaço para revisões para cima”.

Na outra ponta, quem liderou as perdas do dia foi o GPA (PCAR3). A companhia divulgou prejuízo líquido de R$ 216 milhões entre abril e junho, uma melhora em relação aos R$ 332 milhões negativos registrados no mesmo período de 2024.

No entanto, o resultado ficou abaixo das expectativas — o consenso do BTG Pactual previa perda de R$ 145 milhões.

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Bancos sobem, commodities pressionam

Entre os chamados “blue chips”, o Itaú Unibanco (ITUB4) avançou mais de 1% após a publicação do seu balanço trimestral. Já a Vale (VALE3) teve leve queda, acompanhando a retração do minério de ferro.

A Petrobras (PETR4) também recuou, pressionada pela baixa de mais de 1% do petróleo Brent, diante de potenciais novas sanções dos EUA à Rússia.

Wall Street e Ásia em alta; Europa sem direção

Nos Estados Unidos, os principais índices acionários fecharam em alta expressiva, com destaque para a Apple, que viu suas ações subirem mais de 5% após rumores de um investimento adicional de US$ 100 bilhões em produção no país, somando US$ 600 bilhões até 2029.

O mercado também mantém a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) possa iniciar os cortes na taxa de juros já em setembro. Atualmente, os juros estão entre 4,25% e 4,50% ao ano.

No cenário geopolítico, o presidente Donald Trump anunciou uma tarifa extra de 25% sobre produtos da Índia, citando o financiamento indireto à guerra na Ucrânia por meio da compra de petróleo russo. Com isso, a tarifa total imposta pelos EUA ao país asiático pode chegar a 50%.

Na Ásia, os índices terminaram em sua maioria no azul: o Nikkei, do Japão, subiu 0,60%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, avançou 0,03%.

Na Europa, o dia foi marcado por volatilidade. O índice Stoxx 600 fechou com leve baixa de 0,06%, refletindo a pressão dos novos impostos americanos sobre o setor farmacêutico.

Em resposta, autoridades suíças tentam negociar uma redução das tarifas de 39% impostas recentemente por Trump.

📊 Confira o fechamento dos principais índices internacionais:

  • Dow Jones: +0,18%, aos 44.193,12 pontos;
  • S&P 500: +0,73%, aos 6.345,06 pontos;
  • Nasdaq: +1,21%, aos 21.169,42 pontos.