Valuation barato faz Brasil entrar no radar dos investidores estrangeiros, diz André Esteves
Fundador do BTG entende que ações estão com desconto e que Brasil tem problemas menores que outros países.
Emprestar dinheiro diretamente para as empresas costuma ser bem mais rentável ao investidor de renda fixa, na comparação com as taxas oferecidas no Tesouro Direto, assim como também o risco de calote é bastante superior, inclusive sem direito ao FGC (Fundo Garantidor de Crédito).
Por isso, a inclusão de títulos de renda fixa isentos de imposto de renda deve ser feita com moderação pelos investidores, sendo ainda mais necessário acompanhar a opinião dos analistas para saber se vale a pena travar o dinheiro em um título que, a princípio, promete estar pagando bem.
Garimpando as oportunidades do mercado, os analistas do BTG Pactual (BPAC11) revelam apetite pelos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) emitidos pela rede de restaurantes Madero, cujas taxas indicativas nesta quarta-feira (2) giravam em torno de CDI+ 3,10% ao ano, conforme consulta na Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Considerando a taxa Selic vigente a 15% ao ano, uma remuneração superior a CDI+ 3% ao ano seria o equivalente a aproximadamente à rentabilidade de 18% ao ano, com os títulos do Madero, sob código CRA02300MZT, tendo vencimento somente em 29 de outubro de 2029.
Embora o CDI acompanhe a esperada redução da Selic ao longo dos próximos anos, o próprio mercado espera que a taxa básica juros se mantenha a, pelo menos, 10% ao ano ao final de 2028, o que ajuda a entender a escolha dos analistas por um título isento, que ainda carrega uma elevada taxa prefixada acima do CDI.
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Por outro lado, os especialistas Frederico Khouri, Fernando Revers e Luís Gonçalves reconhecem, em relatório, que o caminho para quem optar por investir em CRAs do Madero terá um terreno acidentado à frente.
"Após três anos de redução da alavancagem para 1,4 vez ao final de 2024, o Grupo Madero registrou uma elevação da dívida líquida no início de 2025 na ordem de 37% na base trimestral, batendo em R$ 774 milhões, resultando em um aumento da alavancagem de 1,4 vez para 1,8 vez", pondera o trio de analistas.
Para eles, tal gasto foi pontual, decorrente do pagamento de dividendos de R$ 211,1 milhões e juros sobre capital próprio (JCP) de R$ 11,9 milhões aos sócios da rede de restaurantes. Apesar da alta recente do endividamento, o índice permanece confortavelmente abaixo do compromisso de 2,5 vezes.
Ao pegar emprestado R$ 75 milhões com investidores, em outubro de 2023, os CRAs do Madero têm nota de crédito (rating) 'A', dada pela agência de classificação de risco S&P, dentro do grau de investimento.
Os títulos isentos pagam juros trimestrais em janeiro, abril, julho e outubro de cada ano até o vencimento, fora que a amortização sobre o principal emprestado ao Madero também começa a ser devolvido trimestralmente a partir de outubro de 2025.
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