Quer ganhar mais com CDBs? Saiba como escolher sem ‘entrar numa fria’

CDBs pagando 120% do CDI podem ser tentadores, mas nem sempre são seguros. Saiba como identificar riscos e investir com consciência.

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Publicado em 21/09/2025 às 15:05h - Atualizado 2 minutos atrás Publicado em 21/09/2025 às 15:05h Atualizado 2 minutos atrás por Matheus Silva
Rentabilidades muito acima da média do mercado geralmente refletem risco elevado (Imagem: Shutterstock)
Rentabilidades muito acima da média do mercado geralmente refletem risco elevado (Imagem: Shutterstock)

💰 Promessas de retorno acima da média chamam atenção de qualquer investidor. Afinal, quem não gostaria de aplicar em um CDB pagando 120% do CDI e multiplicar sua renda fixa?

No entanto, atrás de taxas chamativas muitas vezes se escondem riscos que podem comprometer o capital investido.

Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) são títulos emitidos por instituições financeiras para captar recursos. Eles contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$ 250 mil por CPF e instituição, o que oferece um colchão de segurança.

Porém, confiar apenas nessa proteção sem avaliar a saúde do emissor pode levar o investidor a correr riscos desnecessários.

Pensando nisso, o Investidor10 criou um guia prático de como analisar CDBs e entender quando uma taxa acima do mercado é oportunidade ou sinal de alerta.

Taxas muito altas: sinal de fragilidade?

Rentabilidades muito acima da média do mercado geralmente refletem risco elevado.

Um banco sólido não precisa pagar tanto para captar recursos, enquanto instituições fragilizadas usam taxas mais atrativas para convencer investidores.

Ou seja, se a taxa parece boa demais para ser verdade, provavelmente há um risco embutido. Isso não significa descartar de imediato, mas acender o sinal amarelo e aprofundar a análise.

Indicadores que todo investidor pode acompanhar

Mesmo sem ser especialista, é possível avaliar alguns números básicos dos balanços dos bancos:

  • Índice de Basileia: mede a relação entre capital próprio e ativos de risco. Quanto maior, mais capacidade o banco tem de absorver perdas. O mínimo exigido pelo BC é 10,5%. Valores em queda são um alerta.

  • Patrimônio Líquido (PL): crescimento consistente é positivo; queda recorrente pode indicar fragilidade.

  • Inadimplência (NPL): quanto maior a inadimplência, maior o risco de calote nos ativos.

  • Provisões para Devedores Duvidosos (PDD): devem acompanhar o crescimento da inadimplência. Se forem insuficientes, sinal de alerta.

  • ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido): lucros consistentes ou ROE elevado mostram solidez; prejuízos recorrentes fragilizam a confiança.

Esses dados estão nos balanços publicados pelas instituições e podem ser acompanhados em sites de RI (Relações com Investidores) ou no próprio Banco Central.

➡️ Leia mais: Saiba como escolher boas ações pagadoras de dividendos (e aumentar sua renda)

Sinais externos de risco

Além dos números internos, também merecem atenção:

  • Rebaixamentos de nota de crédito por agências de rating;

  • Intervenções ou medidas cautelares do Banco Central;

  • Notícias recorrentes de dificuldade de captação ou mudanças bruscas na gestão.

Esses sinais, quando combinados, podem indicar que aquela taxa “gorda” oferecida em CDBs é uma tentativa de compensar riscos altos.

FGC: segurança real ou ilusão?

💲 O FGC é uma proteção importante, mas não deve ser tratado como uma carta branca para investir em qualquer emissor. O limite é de R$ 250 mil por CPF e instituição (incluindo rendimentos), e há prazo para pagamento em caso de intervenção.

Segundo Thiago Costa Azevedo, sócio da Guardian Capital, o fundo tem liquidez estimada em apenas 2% do sistema bancário. Isso significa que, em caso de crise sistêmica, pode haver atrasos para o pagamento. Na prática, o prazo oficial é de 60 dias úteis, mas, em situações normais, os investidores costumam receber em até 30 dias.

Portanto, o FGC protege, mas não substitui a análise de risco. O investidor deve diversificar emissores e nunca concentrar grandes valores em apenas um banco.

Estratégias para investir em CDBs com segurança

  • Diversificação: nunca ultrapassar os limites do FGC e sempre dividir entre emissores diferentes.

  • Equilíbrio entre taxa e risco: buscar taxas competitivas, mas desconfiar de rentabilidades muito acima do mercado.

  • Prazo compatível com seus objetivos: títulos longos pagam mais, mas exigem paciência; não comprometa liquidez se precisar do dinheiro antes.

  • Atenção às garantias: além do FGC, observe a saúde financeira do emissor. Quanto mais sólido, menor o risco de dores de cabeça.

  • Acompanhamento contínuo: mesmo após investir, monitore o emissor e o mercado. O que parecia seguro pode se deteriorar ao longo do tempo.

Investir em CDBs que pagam acima de 100% do CDI pode ser uma boa oportunidade, desde que o investidor saiba separar taxas atrativas de riscos excessivos.

O segredo está em avaliar indicadores básicos, diversificar a carteira e entender os limites da proteção do FGC.

📈 Assim, em vez de cair em armadilhas de instituições fragilizadas, o investidor garante que sua renda fixa cumpra o papel esperado: crescer de forma segura, estável e dentro do planejado.