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Rio Tinto (RIOT34) anunciou que já estocou dois milhões de toneladas de minério de ferro de alta qualidade em seu ambicioso projeto Simandou, localizado na Guiné, África Ocidental.
O primeiro embarque está previsto para acontecer em meados de novembro, e o destino já é conhecido: a China — maior consumidor global da commodity.
Simandou não é apenas mais uma mina no mapa do minério. Com reservas estimadas em
cerca de 4 bilhões de toneladas com teor médio de 65% de ferro, a jazida rivaliza com a qualidade premium do minério extraído em Carajás pela
Vale (VALE3).
Isso pode representar um ponto de inflexão para o mercado global, afetando diretamente os prêmios pagos por minério de maior pureza — um diferencial competitivo da mineradora brasileira até aqui.
Segundo o relatório da Rio Tinto referente ao 3º trimestre, 1,5 milhão de toneladas já foram acumuladas pela SimFer, braço operacional do projeto, que também informou o início do transporte ferroviário em outubro.
O restante foi estocado pelo consórcio WCS (Winning Consortium Simandou), que opera a outra metade da mega jazida.
Concorrência de peso à vista
Simandou é dividido entre dois grupos: de um lado, a Rio Tinto e a estatal chinesa Chalco; do outro, o consórcio WCS, formado por investidores da China e de Cingapura.
A infraestrutura — que inclui uma ferrovia de 600 km até o litoral e um porto de águas profundas — está em fase final de conclusão e deve ser oficialmente comissionada em 11 de novembro pelo governo militar da Guiné.
A expectativa é que o projeto, uma vez em plena capacidade, produza 120 milhões de toneladas anuais até 2028 — o equivalente a quase 9% da oferta marítima global atual.
A entrada dessa nova oferta no mercado preocupa analistas, que alertam para possíveis impactos no equilíbrio de preços.
Tom Price, chefe de commodities da Panmure Liberum, afirmou que mineradoras de custos mais altos podem ser forçadas a sair do mercado diante da competitividade do minério de Simandou.
China de olho
Com siderúrgicas chinesas enfrentando margens apertadas e crise prolongada no setor imobiliário, o apetite por minério de ferro de alta qualidade e menor custo só aumenta — e a Guiné vem se consolidando como um polo estratégico, inclusive em bauxita.
📊 O impacto potencial se estende até o Brasil, mais especificamente à Vale. A companhia pode ver seus prêmios de qualidade pressionados nos próximos anos, especialmente se a commodity africana ganhar escala e se tornar uma nova referência para os consumidores asiáticos.