LCAs e LCIs viram quedinhas dos fundos de investimento, antes da taxação do governo

Dados da Anbima mostram que gestores estão correndo atrás da renda fixa isenta enquanto a isenção vigora em 2025.

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Publicado em 30/09/2025 às 17:16h - Atualizado 4 minutos atrás Publicado em 30/09/2025 às 17:16h Atualizado 4 minutos atrás por Lucas Simões
LCAs e LCIs costumam render bem acima do Tesouro Direto e contam com FGC (Imagem: Shutterstock)
LCAs e LCIs costumam render bem acima do Tesouro Direto e contam com FGC (Imagem: Shutterstock)
Até os gestores de fundos de investimentos aproveitam, enquanto podem, uma das grandes vantagens ao colocar dinheiro em LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário): a isenção da cobrança de imposto de renda.
O mais recente relatório da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), divulgado nesta semana, aponta que os títulos de renda fixa presentes nos fundos de investimentos totalizaram R$ 245,5 bilhões ao final do primeiro semestre de 2025, crescimento de +9,4% na comparação anual.
Entre os destaques estão os títulos de renda fixa incentivados, que, no conjunto, avançaram +15,6%, somando R$ 67,3 bilhões, o que mostra que existe bastante apetite além de, só, emprestar dinheiro ao governo brasileiro no Tesouro Direto.
Afinal de contas, as LCIs registraram alta de 43,1% e fecharam o semestre com montante de R$ 17,3 bilhões, ajudando os bancos a financiarem linhas de crédito ao mercado imobiliário. Por sua vez, as LCAs tiveram aumento de 19,7%, totalizando R$ 13,7 bilhões, que abrem as porteiras ao agronegócio.
“Os gestores se apoiaram em uma estratégia de diversificação para contornar os desafios das conjunturas econômicas doméstica e internacional, com avanços importantes tanto na renda fixa quanto na renda variável”, diz Tatiana Itikawa, superintendente de Representação da Anbima.
Ela cita que o montante financeiro nas mãos dos gestores de patrimônio chegou a R$ 540,3 bilhões ao final do primeiro semestre de 2025. O valor corresponde a um aumento de 7,1% na comparação com o fechamento de 2024.

LCAS e LCIs pagarão quanto de imposto de renda?

Toda essa corrida por LCAs e LCIs, que chegam a oferecer taxas de até 94% do CDI, conforme ferramenta do Investidor10, tem justificativa no empenho do governo Lula em taxar essas aplicações bancárias de renda fixa a partir de janeiro de 2026.
A Medida Provisória (MP) 1.303/2025, sob o comando do deputado federal Carlos Zarattini (PT/São Paulo), propõe votação no Congresso Nacional que eleve a tributação das LCAs e LCIs de 5% para 7,5%, ou seja, uma cobrança até maior que a sugerida inicialmente pelo governo federal.
Em compensação, o relator petistas da MP 1.303/2025 manteria a isenção de imposto de renda sobre o dinheiro aplicado em debêntures incentivadas, CRAs e CRIs, os quais permitem que empresas peguem dinheiro emprestado diretamente dos investidores para destinar a projetos de infraestrutura estratégicos ao Brasil.
Contudo, enquanto as LCAs e LCIs contam com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), por serem títulos bancários, o investimento em CRAs, CRIs e debêntures incentivadas está totalmente exposto ao risco de calote da empresa emissora que pegou dinheiro emprestado.
Só que os gestores de fundos de investimento também não ignoram o potencial de ganhos dessa parcela da renda fixa que, pelo andar da carruagem, seguirá isenta da cobrança de imposto de renda.
As debêntures incentivadas cresceram 6,5%, para R$ 15,7 bilhões dentro dos fundos de investimento durante o primeiro semestre do ano.
O crescimento dos CRIs (Créditos de Recebíveis Imobiliários) foi de 9,6%, para somar R$ 10,1 bilhões. Por outro lado, os CRAs (Créditos de Recebíveis do Agronegócio) recuaram 4%, totalizando R$ 6,1 bilhões.