Ibovespa recua com incertezas nos EUA e tensão fiscal no Brasil; dólar cai

A queda refletiu a cautela dos investidores, que aguardam novos dados inflacionários e a divulgação do PIB brasileiro.

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Publicado em 29/05/2025 às 17:55h - Atualizado 4 dias atrás Publicado em 29/05/2025 às 17:55h Atualizado 4 dias atrás por Matheus Silva
No câmbio, o dólar comercial recuou 0,50%, a R$ 5,666 (Imagem: Shutterstock)

🚨 O Ibovespa encerrou o pregão desta quinta-feira (29) em leve baixa de 0,25%, aos 138.533,70 pontos, em meio a um cenário de alta volatilidade e indefinições econômicas tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

A queda refletiu a cautela dos investidores, que aguardam novos dados inflacionários e a divulgação do PIB brasileiro.

A sessão foi marcada por movimentos laterais, com o índice sem direção firme durante todo o dia. O volume financeiro seguiu moderado, e a maioria dos setores operou de forma mista.

No câmbio, o dólar comercial recuou 0,50%, a R$ 5,666, devolvendo parte da alta registrada na véspera.

Já os juros futuros (DIs) encerraram com fechamentos mistos, refletindo as incertezas sobre a política fiscal no Brasil e a expectativa com os dados econômicos dos EUA.

EUA: PIB revisado para baixo e inflação PCE em foco

No exterior, os mercados reagiram a uma série de dados econômicos. A segunda leitura do PIB norte-americano do 1T25 mostrou contração de 0,2%, ligeiramente melhor que a leitura inicial de -0,3%, mas ainda indicativa de desaceleração da atividade.

Já a inflação medida pelo PCE trimestral veio acima do esperado, reforçando a percepção de que o Federal Reserve pode manter os juros altos por mais tempo.

Além disso, a decisão da Justiça dos EUA de suspender parte das tarifas do governo Trump contra a China adicionou mais ruído político e comercial ao mercado, segundo analistas.

A incerteza gerada pela medida contribuiu para a perda de fôlego das bolsas americanas, que fecharam com ganhos modestos.

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Brasil: alívio no desemprego, mas tensão com IOF persiste

Por aqui, os destaques do dia ficaram por conta da queda na taxa de desemprego, que veio melhor do que o esperado no trimestre encerrado em abril, e do superávit primário de R$ 17,78 bilhões no mês, divulgado pelo Tesouro Nacional.

O resultado reforça a resiliência da economia brasileira, apesar das turbulências fiscais.

Por outro lado, a novela em torno do IOF continuou gerando apreensão no mercado. O governo avalia alternativas para compensar a perda de arrecadação após o recuo na elevação das alíquotas.

No Congresso, cresce a resistência a novos aumentos de impostos, com críticas públicas de lideranças da Câmara.

Azul afunda e Copel avança

Entre os destaques corporativos, a Azul (AZUL4)despencou 6,80%, a R$ 0,96, após a XP Investimentos colocar o ativo em revisão.

A companhia acumula queda de mais de 70% no ano, em meio à reestruturação via Chapter 11 nos EUA.

No lado positivo, Copel (CPLE6) subiu 1,51%, com revisão altista de preço-alvo e recomendação de compra mantida por analistas.

A Vale (VALE3) avançou 0,07%, com suporte da alta do minério de ferro, enquanto Petrobras (PETR4) caiu 0,60%, acompanhando a queda do petróleo no mercado internacional.

Os bancos operaram no vermelho, com destaque para BB (BBAS3), que recuou 1,58% — a ação acumula queda de 18% em maio.

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Expectativas para o próximo pregão

O mercado segue em compasso de espera para a divulgação de dados decisivos nesta sexta-feira, incluindo:

  • Índice PCE de abril nos EUA, principal medida de inflação usada pelo Fed;
  • PIB do 1T25 no Brasil, que poderá reforçar a percepção de crescimento moderado, mas ainda firme;
  • Novos desdobramentos sobre o ajuste fiscal e compensações ao recuo do IOF.

📈 Com tantas variáveis no radar, a única certeza no mercado segue sendo a incerteza. O cenário exige atenção redobrada dos investidores — especialmente os que operam no curto prazo.