Gol (GOLL54) desiste de fusão com a Azul (AZUL4) e ações disparam

Companhias também encerraram o acordo de codeshare, para compartilhamento de voos.

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Publicado em 26/09/2025 às 08:27h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 26/09/2025 às 08:27h Atualizado 1 dia atrás por Marina Barbosa
Gol encerrou negociações com a Azul nessa quinta-feira (Imagem: Shutterstock)
Gol encerrou negociações com a Azul nessa quinta-feira (Imagem: Shutterstock)

A fusão entre Gol (GOLL54) e Azul (AZUL4) não vai sair mais do papel, ao menos neste momento.

🚨 Controladora da Gol, a Abra decidiu encerrar as negociações sobre a potencial combinação de negócios nessa quinta-feira (25).

Em carta enviada à Azul, a empresa explica que as negociações não avançaram ao longo dos últimos nove meses.

"As partes não tiveram discussões significativas ou progrediram em uma possível operação de combinação de negócios por vários meses como resultado do foco da Azul em seu processo de Chapter 11", afirmou.

A Abra ainda destacou que um representante da Azul declarou recentemente que as negociações tiveram início "em outro cenário e em outro momento das empresas, que não é mais o mesmo".

💲 As negociações sobre a fusão foram confirmadas em janeiro de 2025, em meio ao processo de recuperação judicial da Gol. A empresa, contudo, encerrou a reestruturação em junho, com a promessa de iniciar "uma nova fase como uma Companhia Mais Forte e Competitiva".

Já a Azul entrou em recuperação judicial em maio, nos Estados Unidos, mas pretende encerrar o processo ainda neste ano. Por isso, a empresa apresentou na semana passada um plano de recuperação para a justiça americana que prevê a eliminação de US$ 2 bilhões em dívida e um reforço de capital de ao menos US$ 950 milhões.

Diante desse impasse, a controladora da Gol decidiu pôr fim às conversas sobre a fusão. Contudo, também disse que ainda acredita no "mérito de uma combinação de negócios entre a Azul e a GOL". Por isso, afirmou que "está pronta, disposta e disponível para engajar com os stakeholders aplicáveis".

Compartilhamento de voos

✈️ Além de encerrar as negociações sobre a fusão, a Gol decidiu pôr fim ao acordo de codeshare que havia sido firmado com a Azul em maio de 2024.

O acordo comercial levou à conexão das malhas aéreas das companhias no Brasil. Por isso, permitia que uma empresa vendesse bilhetes para um voo operacionalizado pela outra, inclusive com pontos dos programas de fidelidade.

As duas companhias garantiram, por sua vez, que vão honrar com os bilhetes já comercializados no âmbito da parceria.

Vale lembrar que Gol e Azul estavam impedidas desde o início deste mês de setembro de incluir novos voos no âmbito do acordo, por decisão do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

A suspensão ficaria em vigor até que as empresas apresentassem os termos do acordo ao órgão, que pretendia avaliar se a parceria feria a concorrência no setor aéreo brasileiro.

Leia também: Nova malha da Gol (GOLL4) terá quase 1 milhão de assentos para o exterior

O que disse a Azul?

Em fato relevante, a Azul confirmou o fim das discussões comerciais com a sociedade controladora da Gol.

Além disso, reafirmou o seu "comprometimento com processo de fortalecimento da sua estrutura de capital".

Governo fala em recuperação

O governo brasileiro vinha acompanhando de perto as negociações entre Azul e Gol. Afinal, a fusão criaria a maior companhia aérea do Brasil. 

🗣️ Com o fim das negociações nessa quinta-feira (25), o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, disse que o movimento é "fruto do fortalecimento das companhias aéreas e do crescimento da aviação no Brasil".

"O setor aéreo brasileiro continua em crescimento, com aumento na demanda por voos nacionais e internacionais, o que representa um número cada vez maior de passageiros voando pelo país", acrescentou o ministério, em nota.

"A Gol concluiu recentemente seu processo de reestruturação internacional (Chapter 11) e segue em expansão. A Azul também está em fase de reorganização", completou.

Em nota, o Ministério de Portos e Aeroportos ainda destacou que o setor aéreo brasileiro se manterá competitivo com essa decisão.

"O país continuará contando com três grandes companhias aéreas (Gol, Azul e Latam), o que garante competitividade e mais opções para os passageiros", afirmou.

A tese de recuperação parece ter convencido isso os investidores, pois as ações de Gol e Azul dispararam na B3 nesta sexta-feira (26). Às 11h53, os papeis da Azul subiam 15,24% e os da Azul 4,07%.