Banco do Brasil (BBAS3) ou Tesouro Selic? Qual investimento pagará mais nos próximos 12 meses
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🚨 A inadimplência no Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) atingiu níveis preocupantes e está afetando diretamente o balanço de gigantes públicos como Banco do Brasil (BBAS3) e Caixa Econômica Federal.
Com um prejuízo que ultrapassa R$ 15,7 bilhões, segundo o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o cenário impõe riscos à sustentabilidade dessas instituições financeiras e reforça a necessidade de uma reestruturação urgente do programa.
O FIES foi criado em 1999 com o objetivo de facilitar o acesso ao ensino superior para estudantes de baixa renda.
O programa oferece financiamento estudantil a juros reduzidos, permitindo que os beneficiários só comecem a quitar a dívida após a conclusão do curso.
No entanto, o modelo que já financiou a formação acadêmica de milhões de brasileiros vem enfrentando problemas estruturais há anos, agravados pelas altas taxas de inadimplência.
Entre 2010 e 2018, o Banco do Brasil foi o principal operador do financiamento. A partir de 2018, a Caixa passou a ser o agente financeiro exclusivo, atuando no chamado "Novo FIES", com regras mais rígidas e limites de financiamento.
De acordo com o FNDE, entre 2020 e 2024, o prejuízo com contratos inadimplentes chegou a R$ 15,7 bilhões. Contudo, o impacto pode ser ainda maior.
Estimativas de mercado apontam que o passivo do Banco do Brasil pode ultrapassar R$ 26 bilhões. Hoje, o BB administra 838.213 contratos na fase de amortização, dos quais cerca de 572.617 estão inadimplentes.
A Caixa Econômica Federal, por sua vez, acumula 1.198.913 contratos em fase de amortização, sendo que 746.304 estão inadimplentes. Apesar da gravidade do quadro, o banco afirma dispor de apenas R$ 20 milhões no Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (FGEDUC) para cobrir essas inadimplências — valor considerado insuficiente diante da dimensão da dívida.
O rombo gerado pela inadimplência do FIES tem efeitos diretos sobre o desempenho financeiro dos bancos públicos. A elevação dos índices de crédito de liquidação duvidosa impacta as provisões para perdas, reduzindo o lucro líquido e enfraquecendo a capacidade de concessão de novos financiamentos.
Especialistas apontam que o aumento dessas provisões afeta os indicadores de solvência e pode prejudicar as avaliações de risco feitas por agências de classificação de crédito, elevando o custo de captação de recursos no mercado para essas instituições.
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O impacto da crise do FIES vai além dos balanços financeiros. Segundo Bruno Coimbra, diretor da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), o esgotamento do modelo atual do FIES compromete o acesso ao ensino superior, especialmente para estudantes das classes D e E, que dependem exclusivamente do programa.
“Cerca de 80% da nossa atuação na educação superior é voltada para as classes mais vulneráveis. Sem o FIES, esses alunos simplesmente não conseguem ingressar no ensino superior”, afirma Coimbra.
O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Felipe Tavares, alerta que a baixa escolarização compromete a produtividade e a competitividade do mercado de trabalho brasileiro. “A ausência de formação técnica e acadêmica limita ainda mais a nossa capacidade de crescimento”, aponta.
Diante do colapso do modelo atual, especialistas defendem mudanças estruturais. Claudio Alcides Jacoski, presidente da Associação Brasileira das Instituições Comunitárias de Educação Superior (Abruc), propõe a criação de um FIES comunitário, inspirado em modelos internacionais, como o australiano.
A ideia seria vincular o pagamento da dívida à renda do estudante após a formatura, gerando um ciclo sustentável de financiamento.
Outra proposta é integrar o FIES ao Programa Universidade para Todos (ProUni), otimizando o uso de bolsas e financiamentos públicos, além de permitir renegociações mais flexíveis diretamente com as instituições de ensino.
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Para mitigar os efeitos da inadimplência, o governo federal lançou programas de renegociação de dívidas. Dados do FNDE revelam que, até 2024, foram firmados mais de 387 mil acordos, resultando na recuperação de aproximadamente R$ 795 milhões apenas com os pagamentos iniciais.
O Ministério da Educação (MEC) também implementou o FIES Social, destinado a estudantes de baixa renda inscritos no CadÚnico. O programa oferece financiamento de até 100% das mensalidades, mas ainda não atingiu sua meta de beneficiar 100 mil alunos em 2024.
O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que o FIES passa por uma reestruturação, que inclui o cruzamento de informações da Receita Federal e do Ministério do Trabalho para diferenciar quem não paga por dificuldade financeira de quem não quer pagar.
Outro efeito colateral da crise é o aumento expressivo das ações judiciais relacionadas ao FIES. Entre 2020 e abril de 2025, foram mais de 89 mil processos abertos, conforme dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Muitas dessas ações buscam revisão de contratos antigos, prolongando prazos e reduzindo parcelas, o que, por sua vez, posterga ainda mais a recuperação dos valores pelos bancos.
📈 Se nenhuma reforma estrutural for implementada, os impactos sobre Banco do Brasil e Caixa podem se agravar, elevando o volume de ativos problemáticos e pressionando ainda mais seus resultados.
A reestruturação do FIES, com novos mecanismos de gestão e integração com políticas sociais, surge como a principal alternativa para evitar um colapso silencioso, que ameaça tanto a saúde financeira dos bancos quanto o futuro da educação no Brasil.
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Enquanto ações queridinhas da bolsa, como o Banco do Brasil (BBAS3), seguem em forte queda, os juros compostos estão maiores.