CVC na berlinda e Copasa no radar: quem entra e quem sai do Ibovespa

A Copasa pode entrar e CVC sair do Ibovespa em 2026, segundo o BofA. Veja o que está por trás das mudanças para investidores.

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Publicado em 07/11/2025 às 18:36h - Atualizado 9 horas atrás Publicado em 07/11/2025 às 18:36h Atualizado 9 horas atrás por Matheus Silva
A tradicional operadora de turismo pode ser excluída do Ibovespa (Imagem: Shutterstock)
A tradicional operadora de turismo pode ser excluída do Ibovespa (Imagem: Shutterstock)
🚨 A próxima revisão da carteira teórica do Ibovespa (IBOV), principal índice da B3 (B3SA3), está programada para ser divulgada no dia 1º de dezembro e passará a valer a partir de 5 de janeiro de 2026.
Como em toda recomposição, o mercado já começa a se antecipar aos movimentos e identificar quais papéis devem entrar ou sair do índice — o que costuma provocar fluxos relevantes de capital, especialmente por parte de fundos passivos que replicam o benchmark.
Entre os nomes mais prováveis para deixar o índice, segundo relatório do Bank of America (BofA), está a CVC (CVCB3). A tradicional operadora de turismo pode ser excluída do Ibovespa devido à deterioração dos seus indicadores de liquidez e volume de negociação, que ficaram abaixo do mínimo exigido para a permanência no índice.
A saída da CVC, se confirmada, teria um impacto técnico de curto prazo. O banco estima que o movimento deve provocar fluxo vendedor equivalente a um dia de negociação das ações, o que pode aumentar a pressão sobre a cotação dos papéis, já fragilizada pelos desafios operacionais e financeiros enfrentados pela companhia nos últimos trimestres.

Copasa lidera a disputa por uma vaga no índice

Na outra direção, a Copasa (CSMG3), companhia de saneamento de Minas Gerais, aparece como a principal candidata a ingressar na nova composição. De acordo com o BofA, a ação já reúne os pré-requisitos mínimos exigidos pelo índice, como volume financeiro negociado, frequência de negócios e presença em pregões.
Se a entrada se confirmar, a estimativa é de que o papel absorva fluxo comprador correspondente a dois dias de negociação, o que tende a reforçar a valorização da ação no curto prazo.
Vale destacar que a inclusão em um índice como o Ibovespa tende a ampliar a visibilidade institucional da empresa, atrair novos investidores e aumentar a liquidez do papel, o que pode representar uma virada estratégica no desempenho da ação, principalmente para empresas com bom fundamento que ainda operam fora do radar dos grandes fundos.

Outras ações em observação

Além da Copasa, duas empresas estão sob avaliação para futuras entradas: Copel (CPLE3) e Tenda (TEND3). Ambas apresentam métricas de liquidez que estão próximas do patamar necessário, mas ainda não se destacam o suficiente em relação aos demais ativos listados.
Já na lista de ações em risco de exclusão, além da CVC, aparecem Braskem (BRKM5) e Petrorecôncavo (RECV3). Os papéis vêm perdendo força em termos de negociabilidade, que é um dos principais critérios para permanência no Ibovespa. O índice exige que o papel atinja um Índice de Negociabilidade (IN) superior a 90%. Se a ação ficar abaixo disso, a exclusão passa a ser tecnicamente possível.

Rebalanceamento de índice tem efeito real no mercado

Essas mudanças não são apenas simbólicas. A entrada ou saída de um papel do Ibovespa afeta diretamente o seu comportamento na bolsa, já que uma parcela significativa do capital institucional, como ETFs e fundos passivos, replica a carteira do índice. Isso significa que ações incluídas tendem a ter demanda compradora automática, enquanto ações excluídas enfrentam saídas de recursos, independentemente de seus fundamentos.
Além disso, mesmo fundos ativos, que têm maior liberdade de alocação, costumam ajustar posições para não se afastarem muito da referência do Ibovespa, o que amplia o impacto das mudanças.

Fluxo de capital e desempenho recente do mercado

O BofA também analisou o comportamento do fluxo de capital nos mercados emergentes e no Brasil. Em dólar, o Ibovespa teve alta de 3,2% na semana passada, superando o desempenho do índice mexicano Mexbol (+0,3%). Os mercados emergentes, em geral, recuaram 1%, e o S&P 500, nos Estados Unidos, teve queda de 1,8%.
No entanto, os fundos de ações brasileiros continuam enfrentando resgates líquidos. Na última semana, o saldo foi negativo em R$ 300 milhões, acumulando R$ 44 bilhões em saídas no ano. Em contraste, fundos voltados a emergentes captaram US$ 12,5 bilhões na semana, somando impressionantes US$ 65 bilhões no ano, frente aos US$ 14 bilhões captados em 2024.

Revisão do MSCI também reforça dinâmica de fluxo

O MSCI, índice global utilizado por investidores internacionais, também realizou sua revisão periódica. Na América Latina, duas ações foram incluídas: Stone e Plaza. Já a Qualitas foi excluída. A entrada da Stone pode gerar fluxo comprador equivalente a dois dias de negociação, enquanto a saída da Qualitas deve provocar fluxo vendedor estimado em oito dias.
📊 Esses dados mostram que, além da análise fundamentalista, o investidor que acompanha o mercado precisa estar atento à dinâmica dos índices e ao movimento dos grandes fluxos institucionais. Eles ajudam a antecipar movimentos de curto prazo e identificar pontos de entrada e saída com maior precisão.