CPFL (CPFE3) pode embolsar até R$ 4,68 bi com decisão da Aneel; ações saltam

A discussão saiu das esferas judiciais e entrou no radar da Aneel, que já deu os primeiros sinais de concordância com a proposta da distribuidora.

Author
Publicado em 08/04/2025 às 18:58h - Atualizado 6 dias atrás Publicado em 08/04/2025 às 18:58h Atualizado 6 dias atrás por Matheus Silva
A proposta prevê que a totalidade dos R$ 4,67 bilhões seja parcelada ao longo de cinco anos (Imagem: Shutterstock)

📈 A CPFL Paulista (CPFE3), uma das principais distribuidoras de energia do país, está no centro de uma discussão que pode redefinir os rumos de suas tarifas e mexer com as expectativas dos investidores.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) avalia incorporar um valor bilionário — R$ 4,67 bilhões — aos seus processos tarifários, em função de uma decisão judicial favorável à empresa.

O imbróglio jurídico tem raízes em contratos antigos entre a CPFL Paulista e outra empresa do mesmo grupo, a CPFL Energia.

Agora, a discussão saiu das esferas judiciais e entrou no radar da Aneel, que já deu os primeiros sinais de concordância com a proposta da distribuidora.

Voto favorável e impacto na conta de luz

Em reunião nesta terça-feira (8), três dos diretores da agência votaram a favor da inclusão de R$ 1,3 bilhão — valor parcial da decisão judicial — no reajuste tarifário de 2025.

A proposta prevê que a totalidade dos R$ 4,67 bilhões seja parcelada ao longo de cinco anos, o que suavizaria o impacto nas tarifas cobradas dos consumidores.

Segundo a diretora Agnes da Costa, relatora do processo, essa diluição resultaria em um reajuste médio de 4,56% no próximo ciclo tarifário.

Em contrapartida, caso a incorporação do valor total fosse feita de forma imediata, o aumento poderia ultrapassar os 26%, um cenário considerado impraticável.

Apesar do avanço nas discussões, a decisão final sobre o reajuste foi adiada após pedido de vista do diretor Fernando Mosna.

Ele argumentou que a sentença judicial, embora transitada em julgado, não especifica os valores a serem executados — o que, segundo ele, inviabilizaria uma ação imediata por parte da Aneel sem a devida homologação judicial ou um acordo formal.

➡️ Leia mais: Clientes do Grupo Itaú irão receber R$ 253,7 mi de volta por cobranças indevidas

Repercussão no mercado e expectativa de dividendos

Mesmo diante da indefinição, os investidores reagiram com otimismo. As ações da CPFL Energia (CPFE3) subiram 3,39% no dia da reunião, fechando a R$ 38,70. Em sua máxima intradiária, chegaram a R$ 40,06, novo recorde histórico.

Analistas do mercado financeiro destacam que a eventual incorporação dos valores pode abrir caminho para pagamentos significativos de dividendos extraordinários.

“O valor bruto representa quase 10% do valor de mercado da CPFL e pode se traduzir em dividendos extraordinários. No entanto, esperamos que a CPFL distribua isso como dividendos seguindo o cronograma de pagamento de 5 anos”, avaliou João Pimentel, analista do Citi.

Além disso, há uma perspectiva adicional que pode ampliar ainda mais o impacto financeiro do caso.

A CPFL Piratininga, outra distribuidora do grupo, está questionando judicialmente uma situação semelhante, o que pode resultar em mais R$ 1,5 bilhão em valores passíveis de incorporação.

Tarifa congelada até decisão final

💲 Enquanto não há definição sobre o reajuste, a tarifa atual da CPFL Paulista segue em vigor, em função da postergação da decisão.

A expectativa é de que a discussão volte à pauta da Aneel nas próximas semanas, com possíveis desdobramentos judiciais ou negociações que viabilizem o avanço do processo.