Copom pode reduzir cortes de juros diante de incertezas, indica Campos Neto

Ele disse que o Banco Central não tem medo de fazer o que precisa ser feito para levar a inflação à meta.

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Publicado em 17/04/2024 às 17:28h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 17/04/2024 às 17:28h Atualizado 3 meses atrás por Marina Barbosa
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As incertezas sobre o cenário econômico aumentaram e isso pode alterar o plano de voo do Copom (Comitê de Política Monetária). Foi o que indicou o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, nesta quarta-feira (17).

💲 O Copom vem cortando a taxa Selic em 0,5 ponto percentual desde agosto de 2023. Contudo, na última reunião, mudou o seu guidance e garantiu só mais um corte dessa magnitude. 

O mercado acreditava que a Selic cairia dos atuais 10,75% para 10,25% em maio e depois sofreria cortes de 0,25 ponto percentual até chegar nos 9%. Essa perspectiva, no entanto, está sob revisão. No Boletim Focus desta semana, por exemplo, o mercado elevou de 9% para 9,13% a projeção para a Selic final de 2024. 

A percepção atual é de que os juros dos Estados Unidos podem continuar altos por mais tempo, devido à resiliência da inflação americana e das tensões no Oriente Médio, que afetam os preços do petróleo. E isso fortalece o dólar, que também vem sendo pressionado pela mudança das metas fiscais brasileiras. Uma alta continuada do dólar, no entanto, pode impactar a inflação no Brasil, exigindo cautela nos cortes de juros.

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O presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi questionado sobre esse novo cenário em evento realizado com investidores nesta quarta-feira (17) nos Estados Unidos. Ele admitiu que as incertezas cresceram, mas falou que o BC ainda monitora a reação do mercado para saber se este será um movimento continuado, que terá impacto na economia brasileira.

🗣️ Campos Neto antevê quatro possíveis rotas diante dessa situação e admite que, caso as incertezas continuem, o Copom pode reduzir o ritmo de corte da Selic.

"Poderíamos ter uma redução na incerteza, o que significa que seguiríamos o caminho usual. Poderíamos ter um sistema no qual a incerteza continua a ser muito alta e não muda significativamente, o que pode significar uma redução no passo. Poderíamos ter uma situação em que a incerteza começa a afetar mais fortemente importantes variáveis e a gente teria que discutir uma mudança no balanço de riscos. E poderíamos ter um cenário em que a incerteza se agrava, criando estresse global. Nesse caso, mudamos o nosso cenário-base", afirmou.

O presidente do BC ressaltou que o Copom já mudou o seu guidance por causa do aumento das incertezas e lembrou que todo guidance está sujeito a reavaliações. "Todo guidance tem um disclaimer. Se a situação muda substancialmente, nós talvez reavaliamos", afirmou.

Uma reavaliação do guidance atual significaria uma redução do ritmo de corte da Selic já na próxima reunião do Copom, em maio. Campos Neto disse que o Copom continuará monitorando as incertezas até o seu próximo encontro. Contudo, ressaltou que o Banco Central não tem medo de fazer o que precisa ser feito para controlar a inflação na meta.