Com renda fixa isenta, empresas pegam emprestado R$ 97,3 bilhões em 2025

Emissão de debêntures incentivadas atinge volume expressivo nos oito primeiros meses do ano, com investidores aproveitando.

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Publicado em 24/09/2025 às 19:39h - Atualizado 3 dias atrás Publicado em 24/09/2025 às 19:39h Atualizado 3 dias atrás por Lucas Simões
Setor elétrico domina as emissões de debêntures incentivadas em 2025 (Imagem: Shutterstock)
Setor elétrico domina as emissões de debêntures incentivadas em 2025 (Imagem: Shutterstock)
Se até mesmo o governo Lula não deve mais taxar as debêntures incentivadas, não é de admirar que esse tipo de renda fixa isenta de imposto de renda some volume recorde de R$ 97,3 bilhões nos primeiros oito meses de 2025, conforme dados divulgados nesta quarta-feira (24) pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Trata-se de um crescimento de +10,4% nas ofertas de debêntures incentivadas na comparação com o mesmo intervalo em 2024. Considerando apenas agosto, as empresas captaram R$ 8,5 bilhões, o patamar mais alto para este mês na série histórica.
O setor elétrico é quem lidera, com 35,5%, na busca por dinheiro dos investidores de renda fixa, que, por sua vez, seguem atraídos por oportunidades de ganhos superiores à taxa Selic vigente em 15% ao ano
Na sequência, aparecem empresas de transporte e logística (29,8%), seguidas de saneamento (11,4%) e Tecnologia da Informação (TI) e Telecomunicações (6,1%), que incrementam as opções de debêntures incentivadas nas prateleiras das corretoras de valores.
“Os volumes recordes evidenciam o papel estratégico das debêntures incentivadas no financiamento de longo prazo das empresas. E o mercado secundário, cada vez mais líquido, torna o instrumento ainda mais atrativo, já que os papéis podem ser vendidos rapidamente, sem a necessidade de o investidor carregar os títulos até o seu vencimento”, afirma Cristiano Cury, coordenador da Comissão de Renda Fixa da Anbima.
Justamente quando os investidores negociam investimentos de renda fixa nas corretoras, o chamado mercado secundário, as negociações das debêntures incentivadas atingiram R$ 25,9 bilhões em agosto, levando o acumulado do ano ao patamar inédito de R$ 223,6 bilhões, montante 26,2% superior ao contabilizado em igual período em 2024.

Emprestar dinheiro às empresas

Ao somar as debêntures tanto com quanto sem o incentivo tributário, o volume chega a R$ 273,5 bilhões em 2025, registrando uma diminuição de 3,7% em relação ao mesmo intervalo no ano passado.
No caso, os investidores estão emprestando dinheiro diretamente às empresas, principalmente para projetos em infraestrutura (36,9%) e pagamento de dívidas (26,7%).
Já no mercado secundário de renda fixa, as negociações de debêntures em geral totalizaram R$ 560,2 bilhões, com aumento de +18,1% nesse comparativo.