Com IOF mais alto, XP vê Selic parada em 14,75% e inflação em 5,7% em 2025

Segundo o relatório, a alta do IOF equivale a um aperto de 0,25 a 0,50 p.p. na Selic.

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Publicado em 23/05/2025 às 19:11h - Atualizado 8 horas atrás Publicado em 23/05/2025 às 19:11h Atualizado 8 horas atrás por Matheus Silva
Antes da medida, a casa previa uma Selic de até 15% (Imagem: Shutterstock)

🚨 O aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) anunciado pelo Ministério da Fazenda fez a XP Investimentos (XPBR31) revisar sua projeção para a taxa Selic terminal em 2025.

Agora, a expectativa da corretora é que os juros básicos encerrem o ano em 14,75% ao ano, sem novas altas ao longo do segundo semestre.

Antes da medida, a casa previa uma Selic de até 15%. Segundo relatório assinado pelos economistas Caio Megale e Rodolfo Margato, o impacto do aumento no IOF sobre o crédito corporativo representa um aperto monetário equivalente a uma alta de 0,25 a 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros.

A medida, portanto, teria antecipado o efeito que seria obtido com um novo aumento da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) — que se reúne novamente em junho.

IOF pressiona o crédito, mas efeito é limitado

O relatório da XP detalha o exercício de impacto: como o crédito corporativo representa cerca de 21,3% do total da carteira de crédito, o efeito médio da alta do IOF sobre o custo do financiamento nessa fatia foi estimado em 0,40 ponto percentual.

A conclusão da equipe é que a tributação extra funciona como um freio monetário seletivo, focado no canal do crédito.

Apesar disso, os economistas ponderam que o IOF não substitui totalmente a Selic como instrumento de política monetária, já que afeta menos variáveis como expectativa de inflação, câmbio e consumo intertemporal.

Mesmo assim, na avaliação da XP, o novo cenário justifica a interrupção do ciclo de alta nos juros.

A Selic, que está em 14,75%, já havia subido ao longo do primeiro semestre — e agora deve permanecer no patamar projetado até dezembro.

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Galípolo já sinalizava pausa no aperto

A leitura da XP também leva em conta as declarações recentes de Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central.

Para os analistas, a autoridade monetária já vinha sinalizando que os juros permaneceriam elevados por um período mais longo, sem necessariamente subir mais.

Na visão da corretora, o novo cenário fiscal e tributário apresentado pelo Ministério da Fazenda reforça a decisão do Copom de manter os juros nos níveis atuais, ao menos por enquanto.

E os riscos? Inflação e câmbio continuam no radar

Um dos pontos de atenção, segundo o relatório, continua sendo o câmbio. Uma desvalorização mais acentuada do real poderia reacender as pressões inflacionárias, exigindo uma resposta mais agressiva do Banco Central.

Por ora, porém, o dólar permanece estável em torno de R$ 5,80, conforme as projeções da casa para o fim de 2025.

Já as projeções para o IPCA foram mantidas em 5,7% para 2025 e 4,7% para 2026, ambas acima do teto da meta de inflação, hoje fixado em 4,5%. Isso mantém o cenário ainda desafiador para a política monetária, mesmo com a pausa na alta dos juros.

📈 No lado da atividade econômica, a XP também manteve as estimativas: crescimento de 2,3% no PIB em 2025 e de 1,5% em 2026.