BB (BBAS3) despenca nas recomendações e Santander corta preço-alvo em 40%

Com o novo preço, o banco projeta um potencial de alta de apenas 11% em relação ao fechamento mais recente, de R$ 23,28.

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Publicado em 02/06/2025 às 19:10h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 02/06/2025 às 19:10h Atualizado 1 dia atrás por Matheus Silva
A ação do banco acumula queda de 1,69% no ano (Imagem: Shutterstock)

🚨 O Banco do Brasil (BBAS3), que vinha sendo um dos queridinhos dos investidores nos últimos anos pelo seu valuation atrativo e pagamento consistente de dividendos, tem enfrentado um cenário cada vez mais desafiador.

Nesta segunda-feira (3), o Santander (SANB11) uniu-se a outras instituições financeiras e rebaixou sua recomendação para os papéis de “compra” para “manutenção”, reduzindo o preço-alvo de R$ 45 para R$ 26 — um corte de R$ 19, equivalente a uma redução de mais de 40%.

Com o novo preço, o banco projeta um potencial de alta de apenas 11% em relação ao fechamento mais recente, de R$ 23,28. A ação acumula queda de 1,69% no ano.

Principais pontos do rebaixamento

O Santander justificou a decisão com base no desempenho abaixo das expectativas do Banco do Brasil no primeiro trimestre de 2025 (1T25).

O banco reportou lucro líquido de R$ 7,4 bilhões no período, enquanto o consenso do mercado projetava R$ 9 bilhões — uma diferença que acendeu o alerta entre analistas.

Outro dado que pesou na avaliação foi o retorno sobre patrimônio líquido (ROE), que caiu de 20% — patamar considerado ideal pelo mercado — para 17%, acentuando a percepção de deterioração na rentabilidade.

Além dos resultados decepcionantes, o Santander destacou três principais ajustes no seu modelo de avaliação para o banco:

  • Revisão para baixo das projeções de lucro líquido para 2025 e 2026 em 20%;
  • Elevação do custo de capital próprio em mais de 250 pontos-base;
  • Redução do ROE na perpetuidade para 16%, refletindo expectativas de rentabilidade estruturalmente mais baixa.

Com isso, o banco espanhol também retirou o Banco do Brasil de suas carteiras recomendadas mensal e de dividendos para junho.

“As ações podem ficar sob pressão no curto e médio prazo, especialmente diante de revisões baixistas de lucro e dividendos pelo consenso de mercado”, avaliou o Santander em relatório.

➡️ Leia mais: Banco do Brasil (BBAS3) sob pressão: XP vê aumento de riscos e rebaixa recomendação

XP também corta estimativas

O movimento do Santander não foi isolado. Na semana passada, a XP Investimentos também rebaixou a recomendação de BBAS3 de "compra" para "neutro", reduzindo o preço-alvo de R$ 41 para R$ 32.

A corretora ajustou para baixo suas estimativas de lucro líquido em:

  • 29% para 2025, para R$ 28 bilhões;
  • 28% para 2026, para R$ 30 bilhões.

Segundo a XP, o ajuste foi motivado por uma combinação de queda de 12% na margem financeira líquida (NII) e aumento de 9% no custo de crédito.

Apesar dos cortes, a projeção de consenso para o lucro líquido do banco ainda gira em torno de R$ 35 bilhões.

Porém, a XP alerta que essas expectativas devem ser revisadas à medida que o mercado assimilar as mensagens mais conservadoras da gestão do BB, que colocou as principais linhas de guidance para 2025 “em revisão”.

“Isso aumenta a incerteza e contribui para uma desancoragem das estimativas para o ano”, avaliou a corretora.

➡️ Leia mais: Petrobras, Banco do Brasil, Itaú e mais; confira o calendário de dividendos de junho

Cenário desafiador à frente

O Banco do Brasil enfrenta uma combinação de fatores adversos que preocupam analistas e investidores.

Além da piora nos indicadores financeiros, o crescimento acelerado da carteira de crédito para o agronegócio — que dobrou de 2018 para cá, atingindo R$ 365 bilhões — trouxe junto um aumento na inadimplência acima de 90 dias no segmento, que passou de níveis historicamente baixos para 3% no primeiro trimestre.

Além disso, com as eleições presidenciais de 2026 se aproximando, o papel do BBAS3 como "termômetro político" também adiciona volatilidade às ações.

📊 Embora a XP reconheça que o valuation descontado e a proximidade do ciclo eleitoral possam impulsionar o papel, a corretora vê o ambiente operacional como desafiador demais para sustentar uma visão otimista neste momento.