Banco do Brasil (BBAS3) projeta ROE de até 13% em 2025, mas analistas duvidam

Analistas do BTG Pactual e da XP destacam que o banco enfrenta um cenário de estresse, principalmente em sua carteira de agronegócio.

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Publicado em 25/09/2025 às 16:11h - Atualizado 24 minutos atrás Publicado em 25/09/2025 às 16:11h Atualizado 24 minutos atrás por Matheus Silva
O BB reafirmou sua meta de ROE entre 11% e 13% em 2025 (Imagem: Shutterstock)
O BB reafirmou sua meta de ROE entre 11% e 13% em 2025 (Imagem: Shutterstock)

🚨 O Banco do Brasil (BBAS3) realizou na última quarta-feira (24) seu Investor Day em Nova York, reforçando a percepção de que 2025 será um ano de transição delicada para a instituição.

Analistas do BTG Pactual e da XP Investimentos destacam que o banco enfrenta um cenário de estresse, principalmente em sua carteira de agronegócio, e que uma recuperação mais sólida só deve acontecer a partir de 2026.

Agro sob pressão

Segundo relatório do BTG, os executivos do BB afirmaram que cerca de 50% das provisões estão concentradas no agronegócio, segmento pressionado por:

  • queda das commodities,

  • custos de produção elevados,

  • impactos climáticos recentes,

  • e o efeito retardado do aperto monetário de 2024.

O banco também sofreu com a rápida expansão da carteira agro, que passou de R$ 150 bilhões para mais de R$ 450 bilhões em apenas três anos, movimento que acabou elevando o nível de inadimplência.

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Respostas do banco

Para lidar com os desafios, o Banco do Brasil afirmou estar adotando medidas como:

  • exigência de garantias mais robustas nas concessões de crédito,

  • revisão de processos internos,

  • e a utilização de uma matriz de resiliência baseada em inteligência artificial (IA), capaz de classificar clientes em quatro categorias e orientar desde a originação até a recuperação do crédito.

Apesar do ambiente adverso, o BB reafirmou sua meta de Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) entre 11% e 13% em 2025.

O BTG, no entanto, projeta um ROE mais baixo, de 10,6%, e lucro líquido de R$ 19,7 bilhões, contra a projeção oficial de R$ 21 a R$ 25 bilhões. Para atingir o piso dessa meta, o banco precisaria acelerar resultados já no quarto trimestre, cenário visto com cautela por investidores.

Visão da XP: “ponto de inflexão”

A XP Investimentos avaliou que o Banco do Brasil enxerga 2025 como um “ponto de inflexão”, ano no qual pretende restaurar rentabilidade, fortalecer capital e preparar a retomada de crescimento a partir de 2026.

A corretora ressaltou a ênfase do banco em frentes como:

  • expansão do crédito consignado privado,

  • diversificação de receitas,

  • e transformação digital.

Ainda assim, a XP alerta que a desaceleração macroeconômica e os juros elevados continuarão pressionando as carteiras de pessoas físicas e PMEs, aumentando a necessidade de provisões no curto prazo.

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Recomendação dos analistas

Diante desse cenário, tanto BTG quanto XP mantêm recomendação neutra para o BB. O BTG projeta preço-alvo de R$ 23, enquanto a XP indica R$ 25.

📊 Na visão das casas, apesar da resiliência estrutural do Banco do Brasil, a visibilidade segue limitada, e outros bancos privados, como o Itaú (ITUB4), apresentam melhor posicionamento competitivo neste momento.