‘Quem vendeu, vai se arrepender’, diz CEO da Petrobras sobre queda de R$ 32 bilhões
Executiva também comentou sobre a eventual entrada da companhia na distribuição de gás
Quem tem ações da Petrobras (PETR4) na carteira teve uma semana bastante movimentada. Além da divulgação do balanço financeiro, a companhia de petróleo fez diversos anúncios nos últimos dias, que, no final, pesaram sobre o preço das ações na bolsa de valores.
Tudo começou com o anúncio dos lucros da companhia, que fecharam o segundo trimestre do ano em mais de R$ 26 bilhões. O número representa um salto positivo na comparação com um ano antes, quando a companhia havia registrado prejuízo.
Depois disso, veio um balde de água fria, com a diretoria frustrando os investidores que esperavam por dividendos extraordinários. Na verdade, foi liberado o pagamento de R$ 8,66 bilhão que será pago em duas parcelas, nos meses de novembro e dezembro.
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“O dividendo extraordinário, com uma renda menor, por certo, teríamos mais dificuldades em fazer pagamentos, embora gostaríamos muito”, afirmou Fernando Melgarejo, CFO da companhia.
Também foi realizado o anúncio de que a empresa deve entrar no ramo de distribuição de gás de cozinha. A empresa tinha deixado de oferecer esse serviço quando decidiu privatizar a Liquigás, em 2020.
Como extra ainda teve um fator externo, que foi o início das negociações para a venda da Braskem, empresa da qual a Petrobras é sócia. A estatal disse ter sido pega de surpresa com a notícia de que a Unipar estaria de olho na petroquímica.
“Ontem tivemos notícias de que a Braskem estava negociando venda de ativos nos EUA e México, isso foi uma surpresa ruim porque somos um sócio relevante e que tem direito a veto. Estranhei muito”, disse Chambriard.
Todo esse movimento formou uma tempestade que destinou a companhia a perder mais de R$ 30 bilhões em valor de mercado ao longo da semana. No fim da sexta, as ações fecharam cotadas em pouco mais de R$ 30, com desvalorização de 17% no ano.
Apesar do movimento, grande parte das casas de análise mantém recomendação de compra para a Petrobras, focando em preços-alvos bastante altos. É o caso da XP que projeta uma alta de até 50% nas ações, para R$ 46.
Há quem defenda que houve exagero dos investidores e que a decisão de desapegar os dividendos é pontual.
“Queda de hoje é exagerada para um resultado que veio em linha com as expectativas. Teve uma redução de dividendos, que na nossa visão, é pontual”, afirmou Ruy Hungria, analista da Empiricus Research.
“A ação está negociando a quatro vezes e meia o seu lucro. Para quem tem apetite a uma tese de longo prazo, vejo um retorno bastante atrativo. É um patamar de valuation que ainda aguenta bastante desaforo. Mas cada investidor tem que pensar nesse ativo no contexto do seu portfólio, do seu apetite ao risco”, destacou Daniel Utsch, gestor de renda variável da Nero Capital, em entrevista ao InfoMoney.
Para além do gás de cozinha, outra coisa que chama a atenção é a descoberta da BP de um campo de petróleo na Bacia de Santos. A empresa é responsável pela extração do material, mas destacou o índice de CO2 no local.
Se confirmado, a companhia britânica vai precisar levar algum parceiro para explorar o local, e a estatal é a mais cotada. Em anonimato, fontes da petrolífera disseram à Agência Reuter que estão acompanhando de perto o assunto.
“No anúncio a BP não diz a quantidade, mas já põe um disclaimer dizendo que tem muito CO2 associado. Você pode imaginar, né? Nós temos um campo hoje, Júpiter, que tem 70% do CO2. É um campo gigante, possivelmente maior que esse, mas que tecnologicamente ainda não é viável explorar”, pontuou.
Executiva também comentou sobre a eventual entrada da companhia na distribuição de gás
Dividendos da estatal não agradam ao mercado, que acaba penalizando as ações após os resultados do 2T25.