B3 tem o menor número de empresas listadas desde abril de 2021

Bolsa brasileira ainda deve perder mais uma empresa nos próximos dias: a Cielo.

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Publicado em 13/08/2024 às 20:43h - Atualizado 2 meses atrás Publicado em 13/08/2024 às 20:43h Atualizado 2 meses atrás por Marina Barbosa
B3 tinha 429 empresas listadas em julho (Shutterstock)

A bolsa brasileira perdeu 12 companhias nos últimos 12 meses e, com isso, atingiu o menor número de empresas listadas em mais de três anos.

Segundo dados divulgados nesta terça-feira (13) pela B3 (B3SA3), 429 empresas estavam listadas na bolsa brasileira ao final de julho deste ano de 2024. 

📉 O número de empresas listadas caiu 2,7% em relação a julho de 2023, quando era de 441. E é o menor desde abril de 2021, quando a B3 também contava com 429 empresas listadas.

O recuo ocorre em meio à maior seca de IPOs (Initial Public Offering, ou Oferta Pública Inicial) dos últimos 20 anos na B3, mas também diante da saída de diversas empresas da bolsa brasileira.

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A B3 não é palco para um IPO há mais de dois anos, algo que não acontecia pelo menos desde 2004, o início da série histórica da bolsa. 

A última empresa a abrir capital no Brasil foi a Vittia (VITT3), em setembro de 2021. O Nubank (ROXO34) estreou na Bolsa em dezembro do mesmo ano, só que com uma dupla listagem, na B3 e na Nyse (Bolsa de Valores de Nova York).

Além disso, o número de companhias que têm decidido deixar a Bolsa brasileira é significativo. Só neste ano, 11 empresas já cancelaram a listagem na B3. Em 2023, foram 16.

Entre as empresas que saíram da B3 recentemente, estão o Consórcio, a Financeira e o Banco Alfa de Investimentos, além de Saraiva, Dommo Energia e Banco Modal.

🗓️ E mais nomes podem deixar a B3 em breve. A Cielo (CIEL3), por exemplo, realiza nesta quarta-feira (14) o leilão da OPA (Oferta Pública de Aquisição) que deve marcar a saída da empresa da Bolsa.

Com a saída da Cielo, o número de empresas listadas na B3 deve ir para 428, o menor desde março de 2021. E as perspectivas de recuperação desse número são incertas.

Juros e incertezas pressionam bolsa

Em junho, o sócio e especialista em IPO na EY (Ernst Young), Rafael A. Alves dos Santos, disse que a volta dos IPOs na B3 dependia de uma "melhoria do contexto do mercado, incluindo a perspectiva de taxas de juro de um dígito". 

Hoje, no entanto, esta não é a perspectiva do mercado. Isso porque, diante da alta das expectativas de inflação, analistas não descartam uma nova alta da taxa Selic, que está em 10,50% desde maio.

Mais recentemente, o CEO da B3, Gilson Finkelsztain, reforçou que a inflação e os juros altos prejudicam a agenda de IPOs, bem como o aumento das incertezas que vêm pressionando o mercado de ações brasileiro.

Para se ter uma ideia, o volume financeiro médio que é negociado diariamente no mercado de ações brasileiro caiu pelo sétimo mês consecutivo em julho, mesmo com o Ibovespa tendo um mês de ganhos. O baque foi de 12,8% e levou a cifra a R$ 21,6 bilhões, segundo dados operacionais divulgados nesta terça-feira (13) pela B3.