As Olimpíadas Paris 2024 podem mexer com o mercado financeiro?

O Brasil já ganhou sete medalhas na competição, sendo uma de ouro.

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Publicado em 03/08/2024 às 08:30h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 03/08/2024 às 08:30h Atualizado 1 mês atrás por Elanny Vlaxio
A competição encerra no dia 11 de agosto (Shutterstock)

As Olimpíadas de Paris 2024 prometem ser um grande evento esportivo, com a expectativa de um retorno financeiro superior a 11 milhões de euros (cerca de R$ 6 milhões) à França,  segundo o CDES (Centro de Direito e Economia do Desporto). No entanto, especialistas consultados pelo Investidor10 afirmam que o impacto desse evento no mercado financeiro deve ser limitado. 

"O bom desempenho esportivo, seja da França, ou de outras nações, não tem nenhuma conexão com os mercados e não teria porque gerar nenhum tipo de efeito manada. A França não deve se beneficiar tanto porque ela já é o principal destino turístico do mundo", avaliou Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital. 

💸 Dentre os patrocinadores do Time Brasil nas Olimpíadas de Paris, sete estão listados na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), com um valor de mercado que somado resulta em R$ 128,84 trilhões, sendo elas: Vivo (VIVT3), Neoenergia (NEOE3), SmartfFit (SMTF3), Havaianas (ALPA4), Riachuelo (GUAR3), Estácio (YDUQ3) e Azul (AZUL4). Para Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos, as olimpíadas movimentam apenas a imagem dessas empresas e não os ativos. 

"A participação dessas empresas nas olimpíadas tem apenas o ganho de imagem (para elas). O efeito na precificação das ações é praticamente nulo. Não vejo que seria um trigger - eventos específicos que resultam mudanças nos investimentos -, em que teríamos uma visão mais positiva do mercado frente à participação dessas companhias nas olimpíadas", apontou. 

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🗣️ Apesar dos atletas ganharem um prêmio em dinheiro por cada medalha conquistada, a movimentação na economia com esses valores não é perceptível, é o que diz o economista Pedro Afonso Gomes, presidente do Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo (Corecon-SP). 

"As Olimpíadas, do ponto de vista da economia, tem pouquíssima influência. Se o Brasil ganhar, todos vão ficar contentes, se o Brasil perder, vão reclamar, mas não vai acontecer nada com a economia. Não é por isso que o Brasil vai ter o maior desenvolvimento, nem mesmo um investimento externo para esse ramo", explicou Gomes. 

Até a última sexta-feira (2), o Brasil havia conquistado sete medalhas olímpicas, sendo a mais recente, de ouro, obtida por Beatriz Souza na modalidade de judô feminino. A atleta será agraciada com um prêmio de R$ 350 mil, concedido pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro).

Uma Copa do Mundo tem mais destaque? 

Embora as Olimpíadas de Paris 2024 prometam um impulso significativo para o varejo, o consumo e o turismo na França, o impacto econômico desse evento, segundo analistas, não se equipara ao poder de mobilização de uma Copa do Mundo

"Acredito que a Copa do Mundo ganharia muito mais destaque. Apesar de não comparar um evento com outro, penso até que as Olimpíadas têm uma abrangência maior. Mas vejo um impacto praticamente nulo para essas empresas (atuais patrocinadoras que estão na B3)", disse o especialista da Genial Investimentos. 

⚽ Utilizando como exemplo a Copa do Mundo de 1994, quando o real estava começando e estimulou a imagem do país, Corano afirmou que as oscilações no mercado financeiro são mais propensas a acontecer durante competições de futebol. 

"Se a população se sente mais motivada e mais feliz ela tende a ser mais consumista em todos os sentidos. Indiretamente isso estimula o consumo e a confiança, mas geralmente acontece em grandes conquistas algo que conseguimos ver apenas no futebol", avaliou.