Quando falamos dos primos americanos dos fundos imobiliários, os famosos
Real Estate Investment Trusts (REITs), é muito provável que o
Realty Income (O) seja o primeiro deles a vir à mente dos brasileiros que já aterrissaram na bolsa de valores americana, já que é um dos poucos que paga
dividendos em dólar mensalmente. Mas existem
REITs bem mais arriscados e com dividend yield beirando 15%.
Do ponto de vista macroeconômico, os especialistas apontam que o
ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos iniciado pelo Federal Reserve deve beneficiar os investimentos em
REITs, uma vez que o custo de dívida das empresas imobiliárias americanas deve diminuir bastante.
Até aí, trata-se da mesma lógica aqui no Brasil: quando a
taxa Selic entrar em um ciclo de cortes, os
nossos fundos imobiliários também tendem a se valorizar. Só que a diferença no percentual do dividend yield (DY) entre os
REITs mais consolidados e aqueles com estratégia mais arrojada chama a atenção.
Enquanto o
Realty Income (O) soma um DY de
5,51% no acumulado dos últimos 12 meses, o
AGNC Investment (AGNC) ostenta um retorno com dividendos em dólar de
14,68% no mesmo período. Afinal de contas, esse REIT mexe com o volátil mercado de hipotecas imobiliárias nos EUA, o mesmo responsável pela crise financeira do subprime em 2008.
A estratégia do AGNC Investment é comprar títulos lastreados em hipotecas residenciais de agências patrocinadas pelo governo dos EUA, só que turbinar os ganhos desses investimentos de baixo risco mediante operações alavancadas por meio de acordos de recompra.
Pelo menos no curto prazo, o
REIT AGNC tem se saído bem, com suas cotas se valorizando +58% nos últimos dois anos, bem acima do retorno de +32% do
REIT O no mesmo período.
Todavia, o consenso de 10 analistas de Wall Street considera que as cotas do
AGNC Investment já se encontram caras, uma vez que seu preço-alvo é de US$ 9,75 por cota nos próximos 12 meses, valor inferior à cotação de US$ 9,99 nesta sexta-feira (17).
REITs arriscados têm potencial em 2026?
Ainda que o AGNC Investment seja um exemplo de fundo imobiliário americano arriscado que atrai cotistas pelo alto DY, mas que, na visão dos analistas em Wall Street, não oferece potencial de valorização, existem
REITs arriscados que escondem desconto para 2026.
O
Apple Hospitality REIT (APLE) detém o maior portfólio de hotéis de luxo dos EUA, com 224 imóveis, ao mesmo tempo que apresenta DY de
9% nos últimos 12 meses. Para o consenso de sete analistas em Wall Street, o seu preço-alvo é de US$ 14,50 por cota nos próximos 12 meses, potencial de ganho de +25%, considerando a cotação de US$ 11,55 nesta data.
O
REIT APLE é um dos candidatos a surfar com o ciclo de cortes de juros nos EUA, já que vem acumulando perdas de -25% nos últimos dois anos, período em que o Federal Reserve subia as taxas.
Já o
Global Medical REIT (GMRE) pode se valorizar +43% nos próximos 12 meses, caso o preço-alvo de US$ 45,75 por cota estipulado pelo consenso de oito analistas em Wall Street se confirme, ante a cotação de US$ 31,91 nesta sexta-feira. Seu DY atual é de
9,47% e suas cotas caíram -18% nos últimos dois anos.
Esse
REIT de saúde opera mais de 180 instalações para sistemas de saúde por meio de contratos de arrendamento para clínicas médicas, registrando taxa de ocupação de 94,5%. Seu modelo triple-net de locação garante que os inquilinos cubram impostos, seguros e custos de manutenção, deixando uma renda maior para os cotistas.