XP aposta em BrasilAgro (AGRO3) para voltar a colher dividendos ‘gordos’

Segundo os analistas, o modelo de negócios da empresa é sólido, mas a tese de investimentos se sustenta principalmente nos dividendos.

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Publicado em 11/06/2025 às 17:15h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 11/06/2025 às 17:15h Atualizado 1 dia atrás por Matheus Silva
A XP fixou o preço-alvo em R$ 22, o que representa um potencial de valorização de 4,46% (Imagem: Shutterstock)

💰 A XP Investimentos (XPBR31) manteve sua recomendação neutra para as ações da BrasilAgro (AGRO3), mesmo após uma visita técnica à Fazenda Arrojadinho, localizada em Jaborandi (BA).

O foco da análise está na geração de valor via aquisição e desenvolvimento de terras agrícolas, mas o cenário de curto prazo segue desafiador para monetização.

Segundo os analistas Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak, o modelo de negócios da empresa é sólido, mas a tese de investimentos se sustenta principalmente nos dividendos, ainda considerados pouco atrativos no momento, apesar do histórico positivo da companhia em vendas pontuais de propriedades com lucro.

Irrigação amplia o potencial de produção

A fazenda Arrojadinho conta com 10.495 hectares, dos quais 4.777 são usados para soja e 1.595 para algodão.

Um dos pontos centrais da visita da XP foi o projeto de expansão da irrigação, que pode levar a área de algodão irrigado a 4.200 hectares.

O investimento em irrigação, segundo a XP, está estimado entre R$ 25 mil e R$ 26 mil por hectare, abaixo da média de mercado (R$ 30 mil), o que a corretora considera positivo.

Com a infraestrutura, será possível ainda diversificar as culturas da propriedade, incluindo arroz, feijão, trigo e até processamento de sementes de milho — estratégia semelhante à adotada pela Boa Safra (SOJA3).

Adquirida em 2021 por troca de ações, a fazenda teve valuation inicial de 102 sacas de soja/hectare. Com os investimentos, a BrasilAgro espera atingir valuation de 900 sacas/hectare, dado o potencial produtivo e a localização privilegiada.

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XP prefere aguardar novo ciclo de valorização

Mesmo com a perspectiva de valorização no longo prazo, a XP mantém cautela sobre o curto prazo, sobretudo pela incerteza nos preços dos grãos.

Segundo os analistas, o ciclo atual favorece aquisições, e não vendas — o que limita a capacidade da companhia de gerar lucros extraordinários no curto prazo com desinvestimentos.

A produtividade do algodão é um ponto de atenção: para a safra 2024/25, a BrasilAgro espera uma queda de 420 para 370 arrobas/hectare, devido ao clima adverso na Bahia, o que pode afetar o desempenho operacional da companhia. Ainda assim, a XP projeta aumento de produtividade geral com a expansão da irrigação.

Impacto no setor e perspectivas

📊 A Fazenda Arrojadinho representa cerca de 25% da produção total de algodão da BrasilAgro. Como a Bahia responde por 20% da produção nacional, uma possível redução na produtividade regional pode gerar pressão de alta nos preços, o que beneficiaria a companhia.

Em relação aos custos, a expectativa da empresa é de alta de dois dígitos baixos nos custos da soja na safra 2025/26, principalmente pela valorização dos fertilizantes.

A XP fixou o preço-alvo em R$ 22, o que representa um potencial de valorização de 4,46% frente ao preço atual.

A recomendação neutra reflete o equilíbrio entre o valor de longo prazo do portfólio de terras da BrasilAgro e a incerteza de curto prazo sobre os preços das commodities e os dividendos.