S&P puxa a orelha da Azul (AZUL4) por risco elevado de calote

Entenda o porquê da companhia aérea brasileira correr o risco de não honrar os seus títulos de renda fixa

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Publicado em 20/05/2025 às 20:27h - Atualizado 2 minutos atrás Publicado em 20/05/2025 às 20:27h Atualizado 2 minutos atrás por Lucas Simões
Agência de classificação de risco destaca intensa queima de caixa da Azul em 2025 (Imagem: Shutterstock)

🛬 O sinal de alerta para quem emprestou dinheiro para a Azul (AZUL4) por meio de seus títulos de renda fixa ficou ainda mais vermelho nesta terça-feira (20), à medida que a agência de classificação de risco Standard and Poor's (S&P) rebaixou a nota de crédito da companhia aérea de 'CCC+' para 'CCC-'.

A S&P justifica o seu temor para o elevado risco de calote que paira sobre a Azul devido à continuidade da queima de caixa da companhia, revelada nos resultados do primeiro trimestre do ano (1T25), considerando os altos custos com financiamentos, fora a imensa dificuldade em tomar mais dinheiro emprestado diante das duas últimas reestruturações de dívidas.

"Rebaixamos nossa classificação de emissão das notas sêniores sem garantia da AZUL4 com vencimento em 2026 de 'CCC-' para 'CC'; a classificação de recuperação '6' permanece inalterada. Também cortamos nossa classificação em escala nacional de brBB+ para brCCC-", destaca o relatório da S&P.

Vale mencionar que notas sêniores são títulos de renda fixa que pagam modalidade de juros aos investidores que emprestam dinheiro a empresas, mas que têm precedência sobre outras dívidas no caso de a empresa declarar falência e ser forçada à liquidação.

Quando as notas sêniores não contam com garantia, como os títulos da Azul mencionados pela agência de classificação de risco, se a companhia aérea for forçada à liquidação, os detentores de notas seniores sem garantia podem não recuperar seu principal em dinheiro emprestado, além dos juros prometidos integralmente.

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Por que a Azul não decola como antes?

Para a S&P, a perspectiva negativa sobre a nota de crédito da Azul reflete a maior probabilidade de incumprimento nos próximos seis a 12 meses. O caixa e os investimentos líquidos da Azul somaram aproximadamente R$ 655 milhões no 1T25.

Embora a empresa tenha captado com sucesso R$ 600 milhões em financiamento adicional de detentores de títulos, este é um financiamento-ponte de curto prazo com vencimento de 120 dias.

Ainda que os vencimentos da dívida da companhia aérea não sejam particularmente substanciais — totalizando cerca de R$ 730 milhões nos próximos 12 meses — as obrigações da empresa relacionadas a pagamentos de arrendamento operacional de aeronaves, despesas com juros, capital de giro e despesas de capital (capex) são consideráveis.

💸 No caso, a S&P estima que as necessidades de dinheiro da Azul sejam, na verdade, de R$ 7,4 bilhões a R$ 7,8 bilhões no período mencionado.

Segundo dados do Investidor10, se você tivesse investido R$ 1 mil em AZUL4 há dois anos, hoje você teria R$ 78,10, já considerando o reinvestimento dos dividendos (apesar da companhia não ter pago nenhum provento aos acionistas no período).

A simulação também aponta que o Ibovespa (índice que traz o desempenho médio das ações brasileiras mais negociadas) teve retorno de R$ 1.265,50 nas mesmas condições.