Só que há exceções no mercado de crédito privado. Uma delas, na visão dos analistas do BTG Pactual, se materializa nos CRAs emitidos recentemente pela
SLC Agrícola (SLCE3), uma das maiores produtoras em larga escala de
algodão,
soja e
milho no Brasil.
Em setembro de 2025, a produtora rural pegou emprestado dos investidores de renda fixa cerca de R$ 900 milhões, via emissão do CRA025007PT, pagando uma rentabilidade um pouco acima da
taxa Selic até o seu vencimento em 23 de setembro de 2033.
No mercado secundário de renda fixa, o ambiente acessível aos investidores nas corretoras de valores, esses CRAs da SLC Agrícola apresentam taxa próxima de
CDI+ 0,50% ao ano nesta reta final de outubro de 2025.
Tais títulos de crédito privado pagam juros semestrais a partir de março de 2026, além de que a amortização do dinheiro emprestado à companhia começa a ser devolvida anualmente a partir de setembro de 2032.
Por que investir em CRAs rende mais?
Os analistas Frederico Khouri e Luís Gonçalves comentam, em relatório, que a SLC Agrícola ostenta uma elevada produtividade em suas principais culturas, apresentando médias de 1.811 quilos por hectare para o algodão em pluma, volume 80% maior que o apurado em fazendas nos Estados Unidos. Falando da soja, o acréscimo da
SLCE3 sobre os agricultores americanos é de +18%.
Tamanha vantagem operacional da produtora agrícola brasileira também reflete em seu rating 'AA', dado pela agência de classificação de risco Moody's, uma nota de crédito considerada boa.
Só que o investimento em CRAs emitidos pela SLC Agrícola também reserva seus riscos. Para a dupla de especialistas do BTG Pactual, um ponto negativo é a alta nos custos unitários nos cultivos, acima do esperado, o que tende a pressionar as margens operacionais no curto prazo.
"Entre os principais pontos de atenção aos interessados nos CRAs da SLC Agrícola, está o fato de o negócio ser exposto à volatilidade dos preços do algodão, soja e milho, bem como à variação dos insumos, principal custo da companhia", advertem Khouri e Gonçalves, citando também a maior concorrência por terras agrícolas de alta qualidade.