Renda fixa isenta, pagando acima de IPCA+ 8% ao ano até 2044, entra no radar

Analistas do BTG Pactual revelam interesse pelas debêntures incentivadas emitidas pela Iguá Rio de Janeiro.

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Publicado em 19/11/2025 às 17:57h - Atualizado 2 dias atrás Publicado em 19/11/2025 às 17:57h Atualizado 2 dias atrás por Lucas Simões
Empresa de água e saneamento carioca possui baixo patamar de inadimplência (Imagem: Divulgação)
Empresa de água e saneamento carioca possui baixo patamar de inadimplência (Imagem: Divulgação)
Assim como investidores de renda variável buscam ser sócios de empresas sólidas, capazes de durar muitos anos e distribuírem bons dividendos, os investidores de renda fixa também querem empresas perenes, cujo endividamento seja saudável e que ainda ofereçam juros compostos atrativos pelo dinheiro emprestado. Parece que os analistas encontraram um caso assim ainda em 2025.
Em relatório recente do BTG Pactual, não se esconde o interesse pelas debêntures incentivadas emitidas pela Iguá Rio de Janeiro, empresa que pertence ao Grupo Iguá Saneamento, responsável por tocar os serviços de tratamento de água e esgoto em bairros de elite na capital carioca.
E para quem acha que as empresas que enviam os talões de conta de água mensalmente aos consumidores estão com nada, basta olhar a valorização de +92% da Sabesp (SBSP3) em 2025, além do desejo de sua versão carioca, a Cedae, em se lançar na bolsa de valores, conforme plano do governo do Rio de Janeiro.
No caso, os títulos de renda fixa isentos da Iguá Rio de Janeiro, sob o código de negociação IRJS15, ofereciam taxa indicativa de IPCA+ 8,42% ao ano nesta quarta-feira (19), com preço unitário indicativo de R$ 1.094,195, segundo consulta na Anbima.
A emissora das debêntures colocou seus títulos no mercado em março de 2024, na época pagando IPCA+ 7,13% ao ano e embolsando R$ 2,7 bilhões em recursos de investidores de renda fixa, cujo vencimento se encontra no dia 15 de fevereiro de 2044.
Todavia, o que assusta os possíveis interessados nas debêntures é o perfil de dívida da Iguá Rio de Janeiro: seu caixa atual é de R$ 236 milhões, embora, a partir de 2029, a companhia se comprometa a honrar um saldo de R$ 8,56 bilhões. Então, será que a conta fecha?

Como a renda fixa da Iguá Rio se paga?

Os analistas Frederico Khouri e Luís Gonçalves, do BTG Pactual, destacam que a concessão da Iguá Rio possui perfil maduro, com altos índices de cobertura de água e esgoto (95% e 84% respectivamente), baixo patamar de inadimplência e exposição a um perfil de consumidor premium, composto principalmente por grandes condomínios, shopping centers e hotéis (6% da base de clientes representa mais de 65% da receita).
"Por ser uma concessão de saneamento madura, a Iguá Rio tem uma baixa necessidade de investimento, prevista em cerca de R$ 2,2 bilhões em 35 anos, compreendendo obras de baixa complexidade. Fora que a empresa conta com forte suporte de acionistas de primeira linha, como o Fundo de Pensão do Canadá e o BNDESPar", afirmam a dupla de analistas.
Nos seis primeiros meses de 2025, a Iguá Rio teve receita líquida ajustada de quase R$ 900 milhões, alta de +10% na comparação anual, ao passo que seu Ebitda ajustado foi de R$ 368 milhões, avanço de +32%, respectivamente.
Tanto a companhia quanto o governo do Rio de Janeiro já chegaram a um acordo quanto ao processo arbitral referente ao reequilíbrio econômico da concessão, com reajustes escalonados: 0,5% em janeiro de 2026 e janeiro de 2027, ou, alternativamente, 1% em janeiro de 2028.