Assim como investidores de renda variável buscam ser sócios de empresas sólidas, capazes de durar muitos anos e distribuírem bons
dividendos, os investidores de
renda fixa também querem empresas perenes, cujo endividamento seja saudável e que ainda ofereçam
juros compostos atrativos pelo dinheiro emprestado. Parece que os analistas encontraram um caso assim ainda em 2025.
E para quem acha que as empresas que enviam os talões de conta de água mensalmente aos consumidores estão com nada, basta olhar a valorização de +92% da
Sabesp (SBSP3) em 2025, além do desejo de sua versão carioca, a
Cedae,
em se lançar na bolsa de valores, conforme plano do governo do Rio de Janeiro.
No caso, os títulos de renda fixa isentos da Iguá Rio de Janeiro, sob o código de negociação IRJS15, ofereciam taxa indicativa de
IPCA+ 8,42% ao ano nesta quarta-feira (19), com preço unitário indicativo de R$ 1.094,195, segundo consulta na Anbima.
A emissora das debêntures colocou seus títulos no mercado em março de 2024, na época pagando
IPCA+ 7,13% ao ano e embolsando R$ 2,7 bilhões em recursos de investidores de renda fixa, cujo vencimento se encontra no dia 15 de fevereiro de 2044.
Todavia, o que assusta os possíveis interessados nas debêntures é o perfil de dívida da Iguá Rio de Janeiro: seu caixa atual é de R$ 236 milhões, embora, a partir de 2029, a companhia se comprometa a honrar um saldo de R$ 8,56 bilhões. Então, será que a conta fecha?
Como a renda fixa da Iguá Rio se paga?
Os analistas Frederico Khouri e Luís Gonçalves, do BTG Pactual, destacam que a concessão da Iguá Rio possui perfil maduro, com altos índices de cobertura de água e esgoto (95% e 84% respectivamente), baixo patamar de inadimplência e exposição a um perfil de consumidor premium, composto principalmente por grandes condomínios, shopping centers e hotéis (6% da base de clientes representa mais de 65% da receita).
"Por ser uma concessão de
saneamento madura, a Iguá Rio tem uma baixa necessidade de investimento, prevista em cerca de R$ 2,2 bilhões em 35 anos, compreendendo obras de baixa complexidade. Fora que a empresa conta com forte suporte de acionistas de primeira linha, como o Fundo de Pensão do Canadá e o BNDESPar", afirmam a dupla de analistas.
Nos seis primeiros meses de 2025, a Iguá Rio teve receita líquida ajustada de quase R$ 900 milhões, alta de +10% na comparação anual, ao passo que seu Ebitda ajustado foi de R$ 368 milhões, avanço de +32%, respectivamente.
Tanto a companhia quanto o governo do Rio de Janeiro já chegaram a um acordo quanto ao processo arbitral referente ao reequilíbrio econômico da concessão, com reajustes escalonados: 0,5% em janeiro de 2026 e janeiro de 2027, ou, alternativamente, 1% em janeiro de 2028.