Itaú adia corte da taxa Selic para 2026, mas dois fatores podem antecipar alívio

A estimativa aponta para um cenário de inflação ainda resistente e atividade econômica mais forte do que se esperava.

Author
Publicado em 14/07/2025 às 18:03h - Atualizado 10 horas atrás Publicado em 14/07/2025 às 18:03h Atualizado 10 horas atrás por Matheus Silva
Para o banco, o fim do ciclo de alta da Selic já ocorreu na última reunião do Copom (Imagem: Shutterstock)

💲 A taxa básica de juros do Brasil, atualmente em 15% ao ano, deve seguir nesse patamar até o primeiro trimestre de 2026, segundo projeções do Itaú Unibanco (ITUB4).

A estimativa consta em novo relatório assinado pelo economista-chefe Mario Mesquita, que aponta para um cenário de inflação ainda resistente e atividade econômica mais forte do que se esperava.

Para o banco, o fim do ciclo de alta da Selic já ocorreu na reunião mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom).

A autoridade monetária, porém, tem dado sinais claros de que manterá a taxa em níveis elevados por um tempo prolongado, diante das incertezas internas e externas.

“A barra para novas altas parece alta”, afirmou o relatório, referindo-se à combinação de fatores como inflação desancorada e defasagem dos efeitos da política monetária.

Dois gatilhos podem mudar o jogo

Apesar da projeção conservadora, o Itaú não descarta que cortes nos juros possam começar ainda em 2025, caso dois gatilhos específicos sejam acionados:

  • Valorização expressiva do real: o fortalecimento da moeda brasileira poderia aliviar pressões inflacionárias, dando espaço para a flexibilização.
  • Desaceleração econômica abrupta: se a economia perder tração mais rapidamente do que o previsto, como por exemplo pelo impacto reduzido do novo crédito consignado privado, o BC pode revisar sua postura.

➡️ Leia mais: Banco do Brasil (BBAS3): Lucro pode cair mais e o vilão não é só o agro, diz Safra

Inflação recua, mas segue acima da meta

A equipe do banco revisou para baixo a projeção do IPCA de 2025, que agora é de 5,2%, ante os 5,3% anteriores. A queda se deve, principalmente, à redução de preços de alimentos e corte no IPI de automóveis. Em contrapartida, energia elétrica e loterias puxaram a inflação para cima.

Para 2026, a inflação estimada permanece em 4,4%, com viés de alta. A pressão do mercado de trabalho é o principal vetor de risco altista, de acordo com o relatório.

PIB e câmbio sem mudanças

O crescimento da economia brasileira segue estimado em 2,2% para 2025 e 1,5% para 2026.

O desempenho fraco do segundo trimestre e o impacto das tarifas comerciais impostas pelos EUA geram risco baixista no curto prazo, mas o Itaú mantém um viés levemente otimista para o ano seguinte.

No dólar, a estimativa foi mantida em R$ 5,65 tanto para 2025 quanto para 2026.

O real tem se beneficiado da melhora global no apetite por risco e da redução das tensões geopolíticas, mas a tarifa de 50% dos EUA sobre exportações brasileiras impôs um freio nesse movimento de valorização.

Mesmo com alguns sinais positivos no cenário internacional e no comportamento dos preços internos, o Itaú reforça uma visão cautelosa sobre o início do ciclo de cortes da Selic.

📊 A política monetária brasileira deve seguir restritiva até que se observe uma desaceleração consistente da inflação, combinada com menores riscos externos e internos.