Petrobras (PETR4) recupera valor de mercado pré-crise dos dividendos
Após 42 dias de incertezas, a possibilidade de distribuição do provento impulsionou as ações da estatal na B3.
A agência de classificação de risco Fitch reafirmou os ratings da Petrobras (PETR4) nesta sexta-feira (19). A petroleira tem uma nota BB na escala global e AAA na escala nacional, com perspectiva estável.
🇧🇷 Segundo a Fitch, o rating da Petrobras está vinculado ao do Brasil, que também está em BB, com perspectiva estável. Afinal, o governo federal controla 50,3% das ações ordinárias e possui 36,8% do capital total da petroleira.
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⛽ Além disso, a Fitch acredita que a Petrobras está exposta a interferências do governo em suas decisões comerciais e de investimentos em razão da "participação de mercado dominante" no fornecimento nacional de combustíveis.
"Os ratings da Petrobras estão vinculados aos ratings soberanos do Brasil, devido à influência que o governo federal pode ter em suas estratégias e em seus investimentos, apesar das significativas melhoras na estrutura de capital da companhia e de seus esforços para se proteger de interferências políticas", comentou a Fitch.
Para a Fitch, "a interferência política na Petrobras será significativa durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)".
💰 O atual plano estratégico da Petrobras, apresentado no primeiro ano do terceiro mandato de Lula, prevê US$ 102 bilhões de investimentos entre 2024 e 2028. O valor é 31% superior ao do plano anterior, que previa US$ 78 bilhões em investimentos no período 2023-2027.
Parte desses investimentos será direcionada para projetos que haviam saído do foco da estatal, como as obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. As obras da refinaria estavam paradas desde 2015, mas foram retomadas na quinta-feira (18), em cerimônia com o presidente Lula e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
💲 Lula quer investir em refinarias para tornar o país autossuficiente em refino de petróleo. A Fitch acredita, por sua vez, que os investimentos de US$ 102 bilhões em cinco anos "serão difíceis de suportar, a menos que a companhia realize uma emissão simultânea de nova dívida ou haja redução relevante em sua política de distribuição de dividendos".
A Fitch disse, por outro lado, que a Petrobras teve forte geração de caixa em 2023 e deve continuar reportando fluxo de caixa livre positivo nos próximos anos, "ao mesmo tempo em que investe recursos suficientes para reabastecer suas reservas".
A agência de classificação de risco estima que a produção da Petrobras subirá de 2,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia em 2023 para 3,0 milhões até 2026.
Para a alavancagem bruta, que é medida por dívida bruta/EBITDA e foi de 0,5x em 2022, a Fitch projeta um resultado de 0,6x em 2023 e 0,7x em média até 2026.
Após 42 dias de incertezas, a possibilidade de distribuição do provento impulsionou as ações da estatal na B3.
Se ingressarem nos cofres do governo, os recursos contribuirão para compensar frustrações de receitas.