Brasil corre risco de tarifas de 100%, e não é Trump que avisa, mas sim a Otan
Relação comercial com a Rússia ameaça produtos brasileiros a sanções comerciais, recada também dado à China e Índia.
Apesar das ações da Embraer (EMBR3) subirem em torno de +1,3% nesta terça-feira (15), a fabricante brasileira de aeronaves está diante de um baita dilema, caso o tarifaço de 50% contra as exportações do Brasil destinadas aos Estados Unidos comece a partir do dia 1º de agosto, como anunciou o presidente americano Donald Trump.
Isso porque a empresa estaria operando praticamente sob um "embargo", nas palavras do CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, já que sem a viabilidade dos clientes nos EUA, a companhia não teria mercado adequado para absorver sua produção de aviões comerciais e jatos executivos.
“Não teria como remanejar essas vendas”, afirma o executivo. Segundo as estimativas da Embraer, o tarifaço de Trump deve implicar em um custo adicional de R$ 50 milhões por cada unidade de aeronave comercializada, ou seja, totalizando R$ 20 bilhões até 2030.
Ou seja, para boa parte dos clientes da fabricante brasileira, os seus aviões e jatos comerciais teriam custos inviáveis, o que pode acarretar suspensões temporárias ou até cancelamentos de pedidos à Embraer. Os jatos comerciais do modelo E1 são os que correm maior risco de sair de linha.
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Na visão do CEO, tamanhos impactos financeiros à companhia, incluindo possíveis demissões em massa de colaboradores, não apenas no Brasil, como também nos EUA, seriam equipáveis às condições adversas enfrentadas durante a pandemia de Covid-19. "Essa é uma situação de perde-perde", aponta Neto.
Em resposta, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou hoje, no Diário Oficial da União, a chamada Lei de Reciprocidade Econômica, que visa justamente responder às tarifas de 50% aplicadas por Trump, que devem afetar principalmente setores estratégicos da indústria nacional.
Desde as mínimas de preços das ações da Embraer em maio de 2020, no período pandêmico, EMBR3 acumula valorização superior a +1.000%. Todavia, a partir da cotação máxima histórica a R$ 83,95 cada, no último dia 4 de julho, os papéis da companhia sofrem correção de quase −12%.
Conforme dados do Investidor10, se você tivesse investido R$ 1 mil EMBR3 há cinco anos, hoje você teria R$ 8.440,60, já considerando o reinvestimento dos dividendos. A simulação também aponta que o Ibovespa teria retornado R$ 1.329,70 nas mesmas condições.
Relação comercial com a Rússia ameaça produtos brasileiros a sanções comerciais, recada também dado à China e Índia.
Segundo o governo, esta é uma das maiores negociações da história da Embraer.