Eletrobras (ELET3) renova Conselho de Administração; veja o que está em jogo

Assembleia de acionistas ainda vai decidir sobre o pagamento de dividendos bilionários.

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Publicado em 29/04/2025 às 08:19h - Atualizado Agora Publicado em 29/04/2025 às 08:19h Atualizado Agora por Marina Barbosa
Há 15 candidatos para as 10 vagas do Conselho de Administração (Imagem: Shutterstock)

Depois de semanas de disputa, os acionistas da Eletrobras (ELET3) se reúnem nesta terça-feira (29) para eleger o novo Conselho de Administração da elétrica.

Na pauta da assembleia, ainda estão os resultados do ano passado da companhia, o que deve permitir a distribuição de dividendos bilionários para os seus acionistas.

Conselho de Administração

A eleição do novo Conselho de Administração da Eletrobras promete ser a mais disputada dos últimos anos. Afinal, há 15 candidatos para 10 vagas e alguns deles já deixaram clara a insatisfação com o processo de renovação do board.

💡 No cerne da disputa, está o aumento da participação da União e a disputa pelos demais assentos do órgão.

Com a privatização da Eletrobras em 2022, a União passou a deter apenas um assento no Conselho de Administração da companhia. Contudo, o governo Lula (PT) questionou essa limitação, alegando que isso não era condizente com a sua participação de 45,92% no capital social da elétrica.

A União e a Eletrobras costuraram, então, um acordo que prevê a ampliação do poder do governo nos conselhos da elétrica, ao mesmo tempo em que desobriga a companhia de investir na construção da usina nuclear de Angra 3.

O acordo amplia de nove para dez o número de assentos do Conselho de Administração da Eletrobras e reserva três dessas vagas para a União. Além disso, garante uma das cinco cadeiras do Conselho Fiscal para o governo.

Os candidatos

🧑‍💼 Diante disso, o governo indicou três nomes para a eleição que será realizada nesta terça-feira (29): Maurício Tolmasquim, diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras (PETR4); Silas Rondeau, presidente da ENBPar (Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional) e Nelson Hubner, conselheiro da ENBPar

Já a administração da Eletrobras propôs a recondução do atual presidente do Conselho de Administração, Vicente Falconi Campos, e de cinco conselheiros: Ana Silvia Corso Matte, Daniel Alves Ferreira, Felipe Villela Dias, Marisete Fátima Dadald Pereira e Pedro Batista de Lima Filho.

A elétrica também propôs a eleição de Carlos Márcio Ferreira e Vanessa Claro Lopes e endossou a indicação de Mauricio Tolmasquim e Silas Rondeau, pelo governo.

A Eletrobras não propôs a recondução de três dos seus atuais conselheiros: Marcelo Gasparino, Marcelo de Siqueira Freitas e Ivan de Souza Monteiro.

Ainda assim, Gasparino lançou-se candidato para seguir no board. O banqueiro Juca Abdalla Filho também entrou na disputa por um assento, assim como Afonso Henrique Moreira Santos e Rachel Maia.

Leia também: Eletrobras (ELET3) reconduz Ivan Monteiro e mantém diretoria até 2027

A eleição

📊 A eleição desta terça-feira (29), portanto, contará com três nomes indicados pela União, oito pela Eletrobras e quatro por acionistas privados. Cinco deles, contudo, não conseguirão assegurar uma posição no board.

Diante disso, o Conselho de Administração da Eletrobras divulgou uma carta aos acionistas recentemente defendendo o acordo com a União e a sua lista de candidatos, o que foi questionado nas redes sociais por Marcelo Gasparino e levou a companhia a aplicar uma advertência ao conselheiro.

Um grupo de acionistas pediu, então, a adoção do voto múltiplo na eleição desta terça-feira (29). O mecanismo permite que os acionistas concentrem seus votos em determinados candidatos, em vez de votar em uma chapa fechada. Por isso, amplia as chances de os minoritários elegerem seus representantes.

Logo, a nova composição do Conselho de Administração da Eletrobras segue em aberto. A decisão ficará para a assembleia que ocorrerá na tarde desta terça-feira (29), de forma virtual. Só o que se sabe é que os eleitos devem ter um mandato de dois anos.

A assembleia de acionistas ainda deve definir os cinco membros do Conselho Fiscal da Eletrobras, mas essa eleição também segue indefinida. Afinal, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi indicado pelo governo para o órgão, mas desistiu de participar da disputa. Por isso, a União ainda deve indicar outro nome para a vaga.

Dividendos

A assembleia de acionistas da Eletrobras convocada para esta terça-feira (29) ainda vai avaliar os resultados do ano passado da elétrica e, com isso, pode confirmar o pagamento de dividendos bilionários para os seus acionistas.

💰 A Eletrobras teve um lucro líquido de R$ 10,4 bilhões em 2024, um resultado 136% maior do que o de 2023. Com isso, a companhia propôs a distribuição de um valor recorde de R$ 4 bilhões em dividendos, o equivalente a 41% do lucro líquido ajustado.

Cerca de R$ 2,2 bilhões desse valor já foram pagos, mas o R$ 1,8 bilhão restante depende da ratificação dos acionistas. Por isso, está na pauta da assembleia desta terça-feira (29).

Se aprovado na assembleia, o dividendo será pago no próximo dia 13 de maio, no valor de R$ 0,1110 por ação preferencial de classe B e R$ 0,8953 por ação ordinária e golden share.

Terão direito os acionistas registrados ao final desta terça-feira (29). Neste caso, as ações da Eletrobras serão negociadas na condição de ex-dividendos já a partir desta quarta-feira (30).