Você já deve ter ouvido falar que é o fluxo de dinheiro do
investidor estrangeiro que dita os rumos da bolsa de valores brasileira. E o que será que os gringos acham da
candidatura para valer do senador Flávio Bolsonaro (PL/RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, nas Eleições 2026? O BTG Pactual ouviu o que eles têm a dizer e aponta quais
ações brasileiras estão no radar.
"Sentimos que os investidores gringos não estavam excessivamente preocupados, com o entendimento de que, no fim do dia, nada mudou de forma tão significativa — algo que acreditamos estar alinhado com o
desempenho muito mais calmo do Ibovespa até aqui nesta semana", comenta o time de analistas do BTG Pactual que viajou aos Estados Unidos, em relatório.
Apesar disso, o banco não descarta que, com Flávio Bolsonaro na corrida eleitoral,
disputando espaço com o atual presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deve tentar a reeleição, existe uma “incerteza marginal crescente” de quem será o próximo presidente em 2026 e como isso pode afetar o ciclo de cortes da
taxa Selic, atualmente em 15% ao ano.
Segundo os analistas, com a taxa básica de juros caindo já a partir de janeiro de 2026, as empresas listadas na B3 mais beneficiadas seriam aquelas mais endividadas, ao passo que,
a depender de quem for o novo presidente e de sua política fiscal, poderíamos ter a taxa Selic em patamar ainda mais baixo e, mais importante, reduzir as taxas longas.
De largada, os próprios investidores estrangeiros apontaram as ações do
BTG Pactual (BPAC11) como a
opção preferida para 2026, dadas suas características de all-weather (pau para toda obra, em tradução livre ao português): consegue performar bem em ambos os cenários políticos e não depende excessivamente de um “vento macroeconômico” favorável.
Banco do Brasil e Bradesco no radar em 2026?
Mesmo que o Ibovespa em reais encontre-se ao redor dos 160 mil pontos nesta reta final de ano, muitos bancos continuam descontados, e é fácil se lembrar do
Banco do Brasil (BBAS3), que ainda exibe desconto de -27% ante sua máxima por volta dos R$ 30 por ação em meados de maio de 2025.
Até o
Bradesco (BBDC4), que dispara expressivos +63% em 2025, ainda está distante do seu pico de R$ 32,60 por ação atingido em julho de 2019, acumulando desconto de -42% desde então. Na visão dos analistas, ambas as instituições financeiras podem ser protagonistas em 2026.
"
BBAS3 e
BBDC4 vêm se recuperando de níveis historicamente baixos de
ROE. Se 2026 combinar uma queda mais rápida e mais forte da
Selic com eleições positivas, esses dois bancos — que têm ficado para trás em relação ao
ITUB4, assim como a
XPBR31 em relação ao
BPAC11 — poderiam apresentar desempenho superior no próximo ano", ponderam os analistas Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel, Thiago Paura e Bruno Henriques, em relatório.
Todavia, o quarteto de especialistas alerta que o mercado financeiro não caminha para “reversão à média”, e que as empresas brasileiras vencedoras — aquelas capazes de ser verdadeiras compounders, adaptando-se e encontrando formas de crescer sem depender de baixíssima
taxa Selic — continuarão “correndo mais rápido” e se distanciando do restante.
"Isso tende naturalmente a se acumular ao longo do tempo, o que não significa necessariamente que serão os que mais subirão em 2026. Cada vez mais, os vencedores apontados pelos gringos são
Itaú (ITUB4),
BTG Pactual (BPAC11) e
Nubank (ROXO34)", conclui o time de analistas.