Dono do OnlyFans negocia venda por US$ 8 bi após distribuir US$ 1 bi em dividendos

A operação, considerada uma das mais sensíveis do ecossistema digital global, está sendo conduzida com a Forest Road Company.

Author
Publicado em 23/05/2025 às 18:29h - Atualizado 9 horas atrás Publicado em 23/05/2025 às 18:29h Atualizado 9 horas atrás por Matheus Silva
O OnlyFans se consolidou como o principal marketplace de conteúdo explícito no mundo (Imagem: Shutterstock)

🚨 A Fenix International Ltd, controladora do OnlyFans, está em negociações para vender a plataforma de conteúdo adulto por cerca de US$ 8 bilhões.

A operação, considerada uma das mais sensíveis do ecossistema digital global, está sendo conduzida com a Forest Road Company, firma de investimentos baseada em Los Angeles.

A informação foi confirmada por três fontes com conhecimento direto do assunto, segundo a Reuters.

Além do grupo liderado pela Forest Road, outros investidores também demonstraram interesse — e uma abertura de capital (IPO) também estaria no radar, embora em estágio menos avançado.

Uma máquina de dinheiro — mas com riscos

Criado em 2016 e impulsionado pela pandemia de Covid-19, o OnlyFans se consolidou como o principal marketplace de conteúdo explícito no mundo.

A plataforma permite que criadores cobrem assinaturas diretamente de seus fãs, retendo 80% do valor e repassando os 20% restantes à empresa.

O modelo gerou, entre novembro de 2022 e novembro de 2023, uma receita recorde de US$ 6,6 bilhões, contra apenas US$ 375 milhões em 2020.

O principal beneficiário desse crescimento é Leonid Radvinsky, ucraniano-americano que comprou a plataforma em 2018.

Desde então, ele embolsou ao menos US$ 1 bilhão em dividendos, de acordo com documentos enviados à autoridade reguladora do Reino Unido.

O valor proposto na negociação reflete essa escalada de faturamento, mas a complexidade jurídica e moral do negócio ainda trava a entrada de investidores tradicionais.

➡️ Leia mais: Café contaminado? 3 marcas de café são consideradas impróprias para consumo

Conteúdo adulto e investigações pesam contra

Apesar do sucesso financeiro, o OnlyFans enfrenta forte resistência de bancos e fundos institucionais.

O principal motivo é o histórico de denúncias ligadas à plataforma, que já foi citada em investigações sobre pornografia não consensual, exploração sexual e material envolvendo menores de idade.

Uma série de reportagens da Reuters, publicada em 2023, revelou a existência de registros policiais e judiciais nos Estados Unidos apontando falhas no controle de conteúdo da plataforma.

A apuração também mostrou que traficantes sexuais usaram o OnlyFans para explorar vítimas.

Essas denúncias impactam diretamente o processo de due diligence, que deve ser realizado por qualquer grupo que deseje adquirir uma empresa com esse perfil.

Fontes próximas às negociações afirmam que o conteúdo hospedado no site é o maior obstáculo para fechar o negócio — e é por isso que uma oferta pública inicial ainda é considerada mais viável, dependendo do apetite de investidores de varejo.

Quem são os interessados

O grupo liderado pela Forest Road inclui investidores com histórico em ativos digitais, mídia e energia renovável. Fundada em 2017, a empresa também possui uma equipe na Fórmula E e recentemente adquiriu uma participação majoritária no ACF Investment Bank.

Alguns dos executivos da gestora já haviam tentado abrir o capital do OnlyFans em 2022, por meio de uma empresa de aquisição de propósito específico (SPAC), mas o plano não foi adiante.

As conversas atuais estão em curso desde março de 2024. Segundo fontes próximas, um acordo pode ser selado nas próximas semanas, embora nenhuma definição tenha sido tomada até o momento.

➡️ Leia mais: Polícia apura suposto ‘controle oculto’ de Nelson Tanure sobre Banco Master

Por que o negócio ainda não saiu do papel?

Além do conteúdo polêmico, há outro fator em jogo: a opacidade da estrutura societária da Fenix International. O dono da empresa, Radvinsky, é notoriamente reservado e sua localização atual é desconhecida.

Isso gera incertezas quanto ao processo de transição e governança futura, sobretudo para investidores institucionais.

📈 A própria natureza do negócio — baseado na monetização de conteúdo adulto e na autonomia dos criadores — gera desconforto com bancos tradicionais, que evitam relações com empresas ligadas à indústria pornográfica, por receio de risco regulatório e reputacional.