Banco do Brasil deve pagar ‘pouco’ dividendos e entregar o pior lucro do ano

No trimestre anterior, o banco optou por não pagar dividendos, ajustando sua política de payout de 40% para 30% do lucro líquido.

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Publicado em 12/11/2025 às 14:47h - Atualizado 3 minutos atrás Publicado em 12/11/2025 às 14:47h Atualizado 3 minutos atrás por Matheus Silva
A expectativa dos investidores está voltada para a possível retomada do pagamento de dividendos (Imagem: Shutterstock)
A expectativa dos investidores está voltada para a possível retomada do pagamento de dividendos (Imagem: Shutterstock)
💲 O Banco do Brasil (BBAS3), conhecido por sua consistência na distribuição de dividendos, divulgará o balanço referente ao terceiro trimestre de 2025 nesta quarta-feira (12), após o fechamento do mercado. 
A expectativa dos investidores está voltada para a possível retomada do pagamento de dividendos, embora a projeção seja de valores mais modestos diante do cenário operacional desafiador.
No trimestre anterior, o banco optou por não pagar dividendos, ajustando sua política de payout de 40% para 30% do lucro líquido. 
A mudança foi uma resposta à deterioração da qualidade de crédito, especialmente na carteira de agronegócio, e teve como objetivo preservar capital e dar maior flexibilidade à gestão.

O que esperar dos dividendos

Segundo Flavio Conde, da Levante Investimentos, a expectativa é que o banco distribua entre 25% e 30% do lucro líquido, estimado em torno de R$ 3,2 bilhões. Considerando esses percentuais, o valor por ação ficaria entre:
  • R$ 0,14 por ação (25% de payout), representando dividend yield de 0,59%
  • R$ 0,17 por ação (30% de payout), com dividend yield de 0,71%
Esses valores são modestos quando comparados ao histórico recente da instituição, mas refletem o ambiente mais cauteloso no setor bancário.

Previsões para o balanço

Os dados prévios apontam para o pior trimestre do ano para o BB. Informações do Banco Central indicam lucro de R$ 825 milhões em agosto, ante R$ 780 milhões em julho. 
Com isso, o acumulado estimado para o trimestre é de cerca de R$ 2,4 bilhões, sem considerar itens não recorrentes.
O JPMorgan projeta um lucro de R$ 3,1 bilhões, já incluindo ganhos pontuais, enquanto o consenso da Bloomberg indica R$ 4 bilhões, uma queda de 57% na base anual.
Além disso, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) estimado é de apenas 8%, abaixo dos 15% de custo de capital e inferior aos pares privados.
Analistas da Genial Investimentos reforçam que este deve ser o pior resultado do ano, com queda significativa da rentabilidade.

Inadimplência no agro e pressão nos NPLs

O maior desafio segue sendo a carteira do agronegócio. Segundo a Genial, os produtores do Centro-Oeste, responsáveis por cerca de um terço da carteira, estão entre os mais pressionados. 
O relatório do Safra prevê aumento de 159 pontos-base nos NPLs de 90 dias e alta de 14 bps na inadimplência de pequenas e médias empresas, o que deve continuar pressionando provisões e margens.
💸 A Medida Provisória 1.314, que oferece suporte regulatório para instituições financeiras, ainda não surtiu efeitos relevantes sobre os resultados do banco, mas segue como esperança para mitigação de riscos futuros.