Azul (AZUL4) registra alta de 155% no lucro do 4T23
No ano, a empresa teve mais de 29 milhões de clientes, uma alta de 6,5% em comparação com 2022.
✈️ A companhia aérea Azul (AZUL4) deu um importante passo em sua reestruturação financeira ao fechar um acordo com seus credores, aliviando uma parte expressiva de suas dívidas e pavimentando o caminho para uma nova fase de captação de recursos.
O plano, anunciado pela companhia na última semana, visa levantar cerca de US$ 400 milhões, uma quantia que será essencial para garantir a estabilidade financeira e fortalecer o caixa da empresa nos próximos meses.
Além disso, a Azul busca transformar a estrutura de seu endividamento, reduzindo pressões de curto prazo e abrindo novas possibilidades de investimento.
O CEO da Azul, John Rodgerson, em entrevista recente, destacou a importância de resolver primeiro a questão das dívidas com os arrendadores.
Segundo ele, o acordo fechado com 92% dos credores permitiu uma troca de aproximadamente R$ 3 bilhões em obrigações por novas ações preferenciais da companhia, movimento que traz um alívio substancial para as finanças da Azul, em um momento em que o setor aéreo global ainda lida com as consequências da pandemia.
"Agora que resolvemos essa questão, podemos olhar para o futuro e focar em levantar capital para crescer", afirmou Rodgerson.
O acordo firmado com os credores envolveu a troca de obrigações por até 100 milhões de novas ações preferenciais, o que, com base na cotação de R$ 5,75 registrada na véspera do anúncio, representaria um valor de cerca de R$ 575 milhões.
Esse acordo substitui uma negociação anterior, realizada no ano passado, que previa o pagamento de R$ 3 bilhões ao longo de vários trimestres por meio da emissão de ações a um valor de R$ 36 por papel.
À época, as ações da Azul estavam cotadas em cerca de R$ 15, e a atual cotação, consideravelmente mais baixa, reflete o cenário de pressão enfrentado pela empresa desde então.
Segundo o comunicado emitido pela Azul, esses novos termos fazem parte de uma estratégia mais ampla para fortalecer a geração de caixa e melhorar a estrutura de capital da companhia.
O novo acordo elimina a necessidade de emissões futuras a preços elevados e reduz o risco de curto prazo que poderia levar a uma recuperação judicial, algo que vinha preocupando o mercado.
➡️ Leia mais: Azul (AZUL4) faz acordo com credores, e ações decolam 15% na bolsa
Após o acordo com os arrendadores, a Azul busca agora captar aproximadamente US$ 400 milhões, com a possibilidade de utilizar sua divisão de cargas, a Azul Cargo, como uma plataforma para a emissão de dívida conversível.
A Azul Cargo, que já é uma peça-chave nas operações da companhia, pode ser utilizada para levantar recursos adicionais sem impactar diretamente as operações regulares da empresa.
Rodgerson afirmou que a Azul está analisando "vários tipos de dívidas" para essa captação, o que pode incluir opções mais flexíveis, dada a melhora na percepção de risco da companhia após o acordo bilionário.
Além disso, a Azul está em conversas com o governo para a liberação de uma linha de crédito já aprovada, destinada a apoiar o setor aéreo brasileiro, que enfrentou uma crise sem precedentes durante a pandemia de COVID-19.
Esse crédito adicional, somado à emissão de dívida e à reestruturação da Azul Cargo, pode oferecer à companhia a liquidez necessária para enfrentar os desafios de curto prazo e investir em novas frentes de crescimento.
💲 Embora o acordo com os credores traga alívio para a Azul, ele também implica em uma diluição significativa para os acionistas.
A emissão de até 100 milhões de novas ações preferenciais pode representar uma diluição de cerca de 23%, de acordo com analistas do JPMorgan.
Essa diluição, contudo, já era esperada pelo mercado, com projeções iniciais indicando uma potencial perda de valor entre 20% e 25%.
Analistas do setor veem o movimento como necessário para evitar uma deterioração ainda maior das condições financeiras da companhia, que poderia levar a uma situação de recuperação judicial.
Guilherme Mendes, analista do JPMorgan, comentou em relatório que, apesar da diluição, o acordo "remove as pressões de curto prazo" que vinham pesando sobre a Azul, e pode ser considerado positivo no contexto de uma reestruturação ampla da empresa.
O JPMorgan mantém uma recomendação neutra para a ação da Azul, observando que a recuperação da empresa dependerá da sua capacidade de executar com sucesso a captação de novos recursos e gerir sua estrutura de dívida de forma eficiente.
📈 Com uma dívida significativamente reestruturada e um plano robusto para captação de recursos, a Azul busca agora se reposicionar no mercado e garantir a continuidade de suas operações de forma sustentável.
A empresa, que domina o setor aéreo brasileiro ao lado de Latam e Gol (GOLL4), enfrenta um ambiente competitivo e um cenário macroeconômico desafiador, mas com os recentes acordos e a emissão planejada de novas dívidas, está criando uma base mais sólida para os próximos anos.
Além disso, o fortalecimento da Azul Cargo, tanto em termos de operações quanto como uma ferramenta de captação, pode abrir novas oportunidades para a companhia em um setor que tem visto crescimento mesmo em meio à crise.
A divisão de cargas tem se destacado como uma fonte de receita alternativa importante, e seu papel na reestruturação financeira pode ser um divisor de águas para o futuro da Azul.
A continuidade das negociações com os 8% restantes dos credores também será um ponto importante para definir a trajetória da empresa nos próximos meses. Embora o grosso da reestruturação já tenha sido resolvido, qualquer descompasso com esses credores pode criar novos desafios.
No ano, a empresa teve mais de 29 milhões de clientes, uma alta de 6,5% em comparação com 2022.
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