Ibovespa cai 10% em 2024 e renda variável decepciona; veja como foi o último pregão do ano
Small caps brasileiras têm tombo ainda maior no ano, acumulando prejuízo de 25%, conforme levantamento de Einar Rivero, da Elos Ayta
⏳ Há exatos dois anos, a expressão "Americanas (AMER3) foi de arrasta para cima" ganhou força nas redes sociais, bem como abalou o mercado financeiro brasileiro, quando no dia 11 de janeiro de 2023 foi revelado o maior rombo contábil corporativo do país, na ordem dos R$ 20 bilhões.
Atualmente, o valor de mercado da varejista é de US$ 1,11 bilhão, acumulando uma desvalorização real de −98,14% de suas ações negociadas na B3, levando em conta o impacto da inflação.
Conforme dados do Investidor10, consultados neste sábado (11), se você tivesse investido R$ 1 mil em AMER3 há dois anos, hoje você teria R$ 6,10, já considerando a cotação ajustada.
📊 A simulação também aponta que o Ibovespa teria retornado R$ 1.083,10 nas mesmas condições, enquanto o CDI teria entregue um saldo de R$ 1.253,90. Mesmo o índice de Small Caps que teve saldo negativo no período ainda se saiu bem melhor que a varejista, com rendimento de R$ 867,00.
Todavia, é válido mencionar que no curto prazo, as ações da Americanas ensaiam um movimento de recuperação. Na janela dos últimos três meses, houve valorização de +32,93%.
Prova disso, é que durante o último pregão de 2024, a companhia chegou a disparar +54% na cotação máxima do dia a R$ 7,94 cada.
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De fato, o noticiário da empresa nos últimos meses têm sido bem mais positivo sobretudo quando levado em conta a sua situação ainda delicada ao enfrentar um processo de recuperação judicial.
🔎 Pelo menos dois fatores têm ajudado os papéis da varejista a se valorizar na bolsa de valores mais recentemente. O primeiro deles é um recuo pontual dos juros futuros de curto prazo. O segundo aspecto tem mais haver com o fim do período de lock-up.
A Americanas está inserida em um setor da economia bastante sensível a um ambiente de taxa Selic nas alturas, com a própria XP Investimentos já projetando juros em 15,50% ao ano ainda em 2025, por conta de reduzir o acesso ao crédito mais barato para consumo pelas famílias brasileiras.
Do ponto de vista micro, o fim do período de lock-up sobre cerca de 6,67% das ações provenientes do aumento de capital da varejista para negociação na bolsa de valores, cujo prazo se encerrou no último dia 30 de dezembro, trouxe mais tração à Americanas.
Na prática, tal mecanismo (o lock-up) impede a volatilidade excessiva e a flipagem das ações de uma companhia nos primeiros dias de negociação da ação.
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É difícil saber o que pode acontecer com as ações da Americanas ao longo de 2025, mas alguns investidores estão apostando alto na retomada da companhia, enxergando que a mesma possa sobreviver a recuperação judicial.
Inclusive um acionista pessoa física relevante da empresa aproveitou ainda em novembro passado para fazer uma compra relevante de mais papéis da varejista.
🤑 No caso, o empresário pernambucano Inácio de Barros Melo Neto, bacharel em Direito e que atua no ramo de educação, havia adquirido uma participação considerável na companhia, atingindo 12,5% do capital social da Americanas.
Em razão do grupamento de ações realizado pela Americanas em agosto, na proporção de 100 para 1, o volume de papéis de Barros Melo Neto na companhia foi reduzido.
Porém, desde então, o investidor adquiriu um número suficiente de ações para mais do que dobrar sua participação na varejista, ultrapassando a marca de 1,4 milhão de ações.
O investidor na época revelou que possuía 3,24 milhões de ações da companhia, adquiridas ao longo dos últimos anos a um custo médio unitário de R$ 32 cada. Apesar de não ter planos imediatos de alienar suas ações, o investidor busca reduzir o custo médio de sua posição na empresa.
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No dia 11 de janeiro de 2023, o Brasil começou a tomar consciência do seu maior caso de fraude contábil corporativa, no valor estimado de R$ 20 bilhões.
Desde então, as ações da Americanas entraram na bacia das almas, com sucessivas perdas abruptas de valor de mercado, que dilapidaram rapidamente o patrimônio de seus acionistas.
⚖️ Sérgio Rial, o ex-CEO da Americanas e responsável por revelar ao mercado em geral o roubo bilionário contábil da varejista, foi absolvido de acusações no último dia 3 de dezembro pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Conforme a decisão do colegiado da CVM, Rial não é considerado culpado das acusações de quebra do dever de sigilo da companhia e divulgação de informações de forma inconsistente ou incompleta.
Por outro lado, o seu sucessor no cargo (já que Rial deixou o comando da Americanas poucos dias após revelar o escândalo em janeiro de 2023) não teve a mesma sorte.
Sendo assim, o executivo João Guerra Duarte Neto foi condenado pelos membros da CVM a pagar multa de R$ 340 mil por não divulgar, tempestivamente, novos fatos relevantes, tendo sido cabida a infração. Todavia, o executivo ainda pode recorrer da decisão.
📈 Outro gatilho recente que provocou essa disparada repentina de AMER3 foram os resultados apurados pela companhia no terceiro trimestre de 2024, que reportou na ocasião lucro líquido de R$ 10,3 bilhões, evertendo o prejuízo de R$ 1,63 bilhão registrado no mesmo período de 2023.
Por sua vez, a XP Investimentos, em sua análise, reforçou que, apesar das melhorias na rentabilidade, o canal online segue pressionado, o que pode limitar o potencial de crescimento no curto prazo.
Small caps brasileiras têm tombo ainda maior no ano, acumulando prejuízo de 25%, conforme levantamento de Einar Rivero, da Elos Ayta
Queda dos juros futuros de curto prazo e fim do período de lock-up influenciam negociações dos investidores sobre a varejista