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🚨 O setor agropecuário brasileiro, tradicionalmente resiliente, enfrenta um momento de crescente vulnerabilidade financeira, com o número de pedidos de recuperação judicial entre produtores rurais subindo de forma acelerada.
Dados recém-divulgados pela Serasa Experian revelam que, no segundo trimestre de 2024, foram registrados 214 pedidos de recuperação judicial por produtores atuando como pessoa física, mais do que o dobro do total do primeiro trimestre e um aumento de aproximadamente seis vezes em relação ao mesmo período do ano passado.
Essa tendência reforça as dificuldades crescentes em um cenário econômico adverso que afeta o agronegócio em todo o país.
O conjunto de fatores econômicos e climáticos é o principal impulsionador dessa crise. Condições climáticas extremas, aliadas à alta dos juros, queda nos preços das commodities e aumento contínuo dos custos de produção, têm pressionado fortemente a liquidez dos produtores.
Marcelo Pimenta, head de agronegócio da Serasa Experian, aponta que esses fatores resultaram em uma deterioração financeira especialmente grave para aqueles produtores que já estavam excessivamente alavancados.
"O aumento das despesas financeiras, combinado com custos elevados de insumos, atingiu um ponto em que muitos produtores não conseguem mais honrar seus compromissos financeiros", explica Pimenta.
A situação, embora impactante, ainda representa uma pequena fração do total de produtores rurais no Brasil, estimado em cerca de 1,4 milhão que utilizaram crédito rural nos últimos dois anos.
No entanto, a concentração dos pedidos de recuperação em estados fortemente agrícolas, como Mato Grosso e Goiás, acendeu um alerta para credores e investidores que ampliaram sua atuação nessas regiões nos últimos anos, apostando no potencial produtivo do agronegócio brasileiro.
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No segundo trimestre, Mato Grosso registrou 57 pedidos de recuperação judicial, seguido de perto por Goiás, com 54.
Outros estados com grande participação na produção agrícola também registraram números significativos, como Minas Gerais, com 35 pedidos, Mato Grosso do Sul com 23, e o Paraná com 12.
Em sua análise, a Serasa Experian observa que os pedidos são concentrados em arrendatários de terra e grupos familiares ou econômicos diretamente ligados ao setor, que somaram um total de 99 pedidos, ilustrando o impacto mais profundo sobre pequenos grupos econômicos e produtores sem terras próprias, para quem os arrendamentos adicionam mais um custo fixo e frequente.
A análise revela que pequenos produtores são os mais afetados, com 44 solicitações de recuperação judicial.
Em seguida, vêm os grandes e médios produtores, com 36 e 35 pedidos, respectivamente.
Essa distribuição reflete uma pressão crescente sobre todas as escalas de produção no campo, embora os pequenos produtores tendam a sofrer mais intensamente com restrições de capital e menos opções de financiamento em momentos críticos.
Paralelamente ao aumento entre produtores pessoa física, produtores rurais que atuam com Perfil Jurídico (PJ) também enfrentam dificuldades.
Foram 121 pedidos de recuperação judicial no segundo trimestre, um salto de 40,6% em relação ao primeiro trimestre, demonstrando que o impacto da crise econômica no setor agrícola se estende para empresas formalizadas.
📈 Minas Gerais lidera esse aumento, com 31 pedidos, seguido por Mato Grosso, com 28, e Goiás, com 15.
Além dos produtores, empresas ligadas a atividades agropecuárias diretas registraram 94 solicitações, uma alta de 22% em comparação aos três primeiros meses do ano.
A Serasa Experian destaca que os efeitos da crise no agronegócio vão além do produtor rural e se espalham por toda a cadeia econômica, criando um ambiente de incerteza para credores, investidores e empresas do setor financeiro.
O aumento dos pedidos de recuperação judicial pode ser interpretado como uma necessidade de reorganização financeira para enfrentar o cenário adverso atual, mas também como um possível reflexo de uma maior dificuldade de acesso a linhas de crédito em condições favoráveis, devido à alta dos juros e à avaliação de risco mais rigorosa por parte dos bancos e investidores.
Diante desse cenário, especialistas sugerem que medidas de suporte financeiro, tanto públicas quanto privadas, poderiam ajudar a mitigar os impactos dessa crise no campo.
Programas de renegociação de dívidas, estímulo a seguros rurais mais abrangentes e políticas de incentivo para tecnologias que aumentem a resiliência produtiva podem ser soluções viáveis para conter a escalada de recuperação judicial entre produtores rurais.
🌾 Os próximos trimestres serão decisivos para a estabilidade financeira do agronegócio no Brasil, setor que historicamente contribui de forma substancial para o PIB e que agora se vê frente a uma fase de vulnerabilidade e incertezas.
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