Ação americana sobe 700% na Bolsa e pode faturar US$ 9 bilhões até 2029

As estimativas projetam que, até 2029, a receita gerada apenas pelas reservas da stablecoin pode atingir US$ 9,15 bilhões.

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Publicado em 24/06/2025 às 15:14h - Atualizado 3 minutos atrás Publicado em 24/06/2025 às 15:14h Atualizado 3 minutos atrás por Matheus Silva
Em 2024, a Circle reportou receita bruta de US$ 1,67 bilhão (Imagem: Shutterstock)

🚨 A Circle (CRCL), emissora da segunda maior stablecoin do mundo, a USD Coin (USDC), viu suas ações saltarem mais de 700% desde o IPO na Bolsa de Nova York em junho, alcançando um valor de mercado superior a US$ 60 bilhões — praticamente empatando com o Nubank (ROXO34), avaliado em US$ 62,1 bilhões.

O crescimento acelerado chamou atenção de analistas, mas também acendeu alertas sobre os riscos embutidos no modelo de negócios da companhia.

Em 2024, a Circle reportou receita bruta de US$ 1,67 bilhão e lucro líquido de US$ 157 milhões, números impulsionados quase exclusivamente pelo rendimento das reservas em dólar que lastreiam os USDC emitidos.

Essas reservas, de aproximadamente US$ 44 bilhões, são alocadas majoritariamente em bancos e no fundo BlackRock Circle Reserve Fund, que aplica em títulos do Tesouro americano de curto prazo.

Com base nesse montante, a empresa alcançou um rendimento efetivo de cerca de 3,6% ao ano. No entanto, grande parte da receita não fica com a própria Circle.

De acordo com o acordo firmado com a Coinbase — que participa ativamente na distribuição dos USDC — a exchange recebe:

  • 100% dos juros gerados por USDC mantidos em seus produtos;
  • 50% dos juros dos USDC alocados fora da Coinbase.

Como resultado, em 2024 a Circle reteve US$ 768 milhões, mesmo sendo a única emissora da stablecoin.

Projeções bilionárias até 2029

Segundo análise da Coin Metrics, se mantida a atual dinâmica de mercado, a receita combinada das reservas de USDC pode alcançar US$ 2,44 bilhões até o fim de 2025.

Nesse cenário, a Circle ficaria com US$ 940 milhões e a Coinbase com US$ 1,5 bilhão.

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As estimativas mais ousadas projetam que, até 2029, a receita gerada apenas pelas reservas da stablecoin pode atingir US$ 9,15 bilhões — sendo US$ 3,16 bilhões para a Circle e US$ 5,99 bilhões para a Coinbase.

A análise ressalta que esse número ainda exclui outras linhas de negócio, como a plataforma Circle Payments Network, que promete ampliar a diversificação das receitas da companhia.

Múltiplos elevados e comparações com fintechs

A valorização intensa levou os papéis da Circle a serem negociados com múltiplos considerados esticados.

O preço sobre vendas (P/S) está em 37 vezes, e o preço sobre lucro (P/L) supera 400 vezes — patamares superiores aos de fintechs como Nubank (P/S de 27x), Robinhood (45x) e até mesmo da Coinbase (57x), apesar de essas companhias possuírem fluxos de receita mais diversificados.

Esse nível elevado pode ser um indicativo de sobrevalorização, sugerindo que o mercado já precificou parte relevante do potencial de crescimento da empresa, o que limita o espaço para surpresas positivas no curto prazo.

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Riscos no horizonte

Mesmo com as projeções animadoras, o estudo da Coin Metrics destaca riscos significativos:

  • Forte dependência da receita de juros, vulnerável a eventuais cortes na taxa de juros dos EUA;
  • Crescimento da concorrência com o avanço de bancos e outras fintechs na emissão de stablecoins;
  • Impactos da aprovação da "Genius Act", legislação americana que pode trazer novas regras e abrir espaço para novos emissores regulamentados.

📈 A manutenção da posição da USDC como segunda maior stablecoin é vista como essencial para sustentar o desempenho da Circle nos próximos anos. No atual cenário, a empresa detém cerca de 25% do mercado global de stablecoins.