E se as taxas oferecidas para se emprestar dinheiro ao governo brasileiro caem, em compensação, destravam-se lucros na marcação a mercado que agem sobre o preço unitário dos títulos públicos, favorecendo quem se travou em
juros compostos maiores e decide resgatar a grana antecipadamente.
Basta observar o que houve com o
Tesouro Renda+ 2065, cuja remuneração era de IPCA+ 7,03% ao ano no último dia 5 de novembro e atualmente paga IPCA+ 6,98% ao ano. Já o preço unitário oscilou de R$ 869,04 para R$ 879,74, entregando lucro na marcação a mercado de +2,30% em apenas dois pregões.
Outro título público de longo prazo que aproveita a queda dos juros compostos é o
Tesouro IPCA+ 2050, que viu sua rentabilidade nos últimos dois dias oscilar de IPCA+ 6,97% ao ano para IPCA+ 6,92%, enquanto seu preço unitário saltou de R$ 869,04 para R$ 879,74, valorizando-se +1,20%.
Todavia, mais importante do que saber quando a Selic começará a cair é prever qual será o tamanho do ciclo de cortes, pois quanto mais a taxa básica de juros ceder, maior será o potencial de lucro com marcação a mercado em títulos públicos de longo prazo no Tesouro Direto.
Como investir na renda fixa agora?
Para o analista Rafael Passos, da gestora Ajax Asset, o Brasil enfrenta grande obstáculo fiscal que pode atrapalhar uma queda mais saudável e consistente dos juros nos próximos anos.
"Há pressão dentro do governo Lula para que a mudança da meta de superávit fiscal de 2026 ocorra. Tanto na equipe econômica quanto na ala política, defende-se que a meta seja ajustada, diante das dificuldades do Planalto para aprovar propostas que aumentem as receitas ou cortem gastos públicos", avalia o especialista.
É por isso que muitos
agentes do mercado financeiro ainda gostam bastante da renda fixa atrelada à Selic ou ao
CDI, caso do próprio
Tesouro Selic, em que uma aplicação de R$ 10 mil pode render
R$ 19.521,63 nos próximos cinco anos, bem acima do saldo de
R$ 14.898,49 oferecido pela
caderneta de poupança.