Raízen (RAIZ4) afunda na bolsa e atinge mínimas históricas, entenda

Ações da companhia caem mais de 12% na semana e já são negociadas abaixo de R$ 1,70.

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Publicado em 06/02/2025 às 14:51h - Atualizado 1 minuto atrás Publicado em 06/02/2025 às 14:51h Atualizado 1 minuto atrás por Marina Barbosa
Raízen é pressionada por dívida alta e menor produção (Imagem: Divulgação)

A Raízen (RAIZ4) tem sofrido perdas consecutivas na bolsa nesta semana. Por isso, suas ações atingiram mínimas históricas e passaram a ser negociadas por menos de R$ 1,70.

📉 As ações da companhia afundaram 3,68% na terça-feira (4) e mais 7,65% na quarta-feira (5). Por isso, terminaram o último pregão negociadas por R$ 1,69, o menor valor de fechamento da sua história.

O papel, no entanto, segue em queda nesta quinta-feira (6). Às 14h26, caía 2,37% e já era negociado por R$ 1,65. Na mínima do dia, chegou a R$ 1,62.

O recuo reflete as preocupações do mercado com a situação financeira e os resultados operacionais da empresa.

Assim como a Cosan (CSAN3), que é dona da Raízen ao lado da Shell, a companhia apresenta uma dívida elevada e acaba sendo pressionada pela alta dos juros.

Além disso, a Raízen apresentou resultados operacionais abaixo do esperado pelo mercado no terceiro trimestre da safra 2024/2025.

No trimestre, a moagem de cana, recuou 26,6% em relação ao mesmo período da safra anterior. A produção de açúcar também caiu cerca de 20%, ficando entre 1,8 milhão e 1,9 milhão de toneladas.

Segundo a companhia, o déficit hídrico e as queimadas registradas ao longo da safra afetaram negativamente a produtividade. Por isso, a Raízen descontinuou as projeções financeiras para esta safra.

Os dados foram divulgados em 17 de janeiro e deflagraram uma onda de revisões sobre as ações e a situação financeira da empresa.

Santander corta preço-alvo

✂️ Em 20 de janeiro, o Santander cortou o preço-alvo para as ações da Raízen, de R$ 2,90 para R$ 2,40.

Segundo os analistas do banco, esse volume de moagem "deve levar a resultados mais fracos" e a perspectiva é de que a produção continue pressionada nos próximos trimestres.

"As condições de mercado se deterioraram com taxas de juros mais altas, preços mais baixos do açúcar em termos de dólar e expectativas de inflação mais alta à frente", explicou o Santander.

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S&P rebaixa perspectiva

Já a S&P chamou atenção para a alta alavancagem da Raízen, em relatório publicado em 30 de janeiro.

💲 Segundo a agência de classificação de risco, a dívida financeira da empresa atingiu um recorde de R$ 49,7 bilhões ao final do terceiro trimestre de 2024, levando a alavancagem para 3,0x.

A expectativa da S&P, no entanto, é de que "a alavancagem da Raízen permanecerá alta, no patamar de 3,0x-3,5x, ao final do ano fiscal de 2025, com capacidade limitada de reduzir a dívida nominal no ano fiscal de 2026".

A S&P explicou que volumes mais fracos no negócio de cana-de-açúcar, somados a altos investimentos, taxas de juros e necessidades de capital de giro pressionam o indicador.

Além disso, a agência projeta uma geração de fluxo de caixa operacional livre negativa em mais de R$ 5 bilhões em 2025 e não vê pagamento de dividendos nos próximos anos.

Por isso, a S&P revisou o rating da Raízen ao final de janeiro. A nota de crédito foi mantida em BBB na escala global. Contudo, a perspectiva foi rebaixada de estável para negativa.

"A perspectiva negativa do rating na escala global reflete a possibilidade de um rebaixamento nos próximos 12 a 18 meses se a Raízen não reduzir sua alavancagem para nossa projeção de caso-base de cerca de 2,5x no ano fiscal de 2026", alertou.

A agência ainda poderia rebaixar a nota da Raízen "devido a crescentes restrições de liquidez, dada uma geração de caixa menor do que o esperado, maior carga de juros e saídas de caixa ainda consideráveis".

Citi projeta prejuízo

O Citi também cortou o preço-alvo para as ações da Raízen, de R$ 4,50 para R$ 3,50. O banco, contudo, manteve a recomendação de compra para o papel.

Segundo o "Money Times", o Citi considerou margens mais baixas na área de distribuição de combustíveis, uma previsão menor para a moagem de cana e a perspectiva de alta da Selic ao fazer essa revisão.

Os cálculos do banco ainda apontam para a possibilidade de mais um prejuízo milionário no terceiro trimestre da safra 2024/2025. O balanço será publicado no próximo dia 14 de fevereiro, após o fechamento do mercado.

A Raízen já teve um prejuízo líquido de R$ 158,3 milhões no segundo semestre desta safra, devido à queda das margens dos segmentos de Mobilidade e Renováveis.