Marisa (AMAR3): CVM suspende temporariamente correção dos balanços
A medida, anunciada no início de outubro, fica suspensa até o julgamento final do caso.
Um relatório divulgado na sexta-feira (15) lançou dúvidas sobre a capacidade de continuidade operacional da Marisa (AMAR3). O documento foi publicado pela auditoria independente BDO RCS Auditores Independentes, depois de analisar o balanço do terceiro trimestre da companhia de varejo.
“A administração está implementando ações para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro e a posição patrimonial da companhia e de suas controladas. Esses eventos e condições indicam a existência de incerteza relevante que pode levantar dúvida significativa quanto à capacidade de continuidade operacional da companhia e de suas controladas”, disse Roberto Camargo, que assina o relatório.
Para os auditores, o problema estaria na subsidiária M Serviços -antes chamada de M Cartões- que é investigada por emissão na receita tributável. Além disso, a companhia carrega muitos processos administrativos e judiciais, o que complica ainda mais a situação financeira.
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No último mês de outubro, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) enviou um ofício à Marisa pedindo que a empresa publicasse os balanços trimestrais dos anos de 2022, 2023 e 2024. O órgão pediu mais informações sobre algumas das subsidiárias da empresa, especialmente as provisões que envolvem a M Serviços Ltda.
No 3T25, a Marisa informou que reverteu seu prejuízo e lucrou R$ 5,8 milhões no período. Isso foi possível graças a um avanço nas receitas e nas vendas, de acordo com o documento.
“A gente está muito focado na disciplina da execução. Desenhamos o planejamento estratégico. Então, essa consistência e esse foco na disciplina da execução do plano estratégico que a gente desenhou lá atrás são o mantra pra gente. A gente trabalha isso muito forte, né? E isso tem dado certo”, afirmou o CEO da Marisa, Edson Garcia, em entrevista ao InfoMoney.
A Marisa é uma das maiores varejistas de moda do país, com lojas espalhadas por vários estados. Na bolsa, as ações da companhia são negociadas por cerca de R$ 1,10, com baixa de quase 30% nos últimos seis meses.
Os problemas da Marisa, no entanto, não vêm de agora, já que em 2024 seus credores entraram com um pedido de falência contra a companhia. Na época, as dívidas somavam R$ 882 mihões.
A maior parte dos credores eram fornecedores de roupas, que é o principal produto vendido pela empresa. Indústrias de calçados também constavam entre os maiores débitos pendentes.
A medida, anunciada no início de outubro, fica suspensa até o julgamento final do caso.
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