Oncoclínicas (ONCO3) vende hospital e busca aliviar dívida bilionária; ação reage

A Oncoclínicas anunciou a venda de 84% de sua participação no UMC, hospital de alta complexidade em Uberlândia (MG).

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Publicado em 27/08/2025 às 17:49h - Atualizado 10 horas atrás Publicado em 27/08/2025 às 17:49h Atualizado 10 horas atrás por Matheus Silva
O valor do ativo foi avaliado em R$ 160 milhões (Imagem: Shutterstock)

🚨 As ações da Oncoclínicas (ONCO3) viveram um pregão de forte volatilidade nesta quarta-feira (27). Logo após o anúncio de mais um desinvestimento — a venda de participação no Complexo Hospitalar Uberlândia (UMC) — os papéis chegaram a saltar 11,46%, cotados a R$ 3,21.

Mas, ao longo do dia, os ganhos se dissiparam, e o ativo encerrou a sessão com modesta alta de 0,69%, a R$ 2,90.

O movimento segue a estratégia da companhia de reduzir alavancagem e focar em seu negócio principal: a plataforma integrada de oncologia. Na segunda-feira (25), a empresa já havia comunicado a venda do Hospital Marcos Moraes para a Hapvida (HAPV3).

A Oncoclínicas anunciou a venda de 84% de sua participação no UMC, hospital de alta complexidade em Uberlândia (MG).

O valor do ativo foi avaliado em R$ 160 milhões, equivalente a apenas 0,2 vez o EBITDA ajustado estimado para 2025.

Segundo o Goldman Sachs, o montante traz “alívio imediato, ainda que modesto” ao balanço da companhia.

A operação também reduz a exposição da empresa a operadoras de saúde que demandam maior capital de giro e apresentam risco elevado de inadimplência.

Na prática, isso pode melhorar a conversão do EBITDA em fluxo de caixa livre para os acionistas (FCFE) já a partir de 2026.

Impacto no balanço

Apesar do caráter positivo, o Goldman destacou que o maior desafio segue sendo a alavancagem.

Para 2025, a corretora estima que a Oncoclínicas apresentará dívida líquida equivalente a 4,5 vezes o EBITDA ajustado (incluindo passivos de arrendamento), um patamar ainda elevado frente ao setor.

Já o Bradesco BBI calculou que, sem o UMC, o EBITDA ajustado do 2T25 teria sido 21% maior, e a dívida líquida recuaria cerca de 4%.

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Com isso, a alavancagem cairia para algo em torno de 7 vezes o EBITDA anualizado (ex-IFRS 16) — ainda acima do confortável, mas em processo de ajuste.

Vale lembrar que o hospital havia sido comprado em 2021 por R$ 413 milhões (EV), a R$ 1,9 milhão por leito e com geração anual superior a R$ 40 milhões de EBITDA. Agora, foi negociado a R$ 700 mil por leito, refletindo a deterioração operacional desde a aquisição.

O que dizem os analistas

O Goldman Sachs avaliou a operação como estratégica, reforçando que a venda do Hospital UMC está alinhada ao esforço da Oncoclínicas em reduzir sua alavancagem e focar no core business.

A casa manteve recomendação neutra para a empresa, com preço-alvo de R$ 4,50 em 12 meses, destacando que o desinvestimento, ainda que de impacto financeiro modesto no curto prazo, deve contribuir para uma melhora gradual no balanço.

Já o Bradesco BBI enxergou a transação de forma mais positiva. Para o banco, a alienação elimina a queima de caixa proveniente de ativos não essenciais e permite que a companhia concentre esforços na sua plataforma principal de oncologia, considerada a fonte real de geração de valor.

O BBI também ressaltou que, sem o UMC, o EBITDA ajustado do 2T25 teria sido 21% maior, reforçando o mérito da decisão.

📉 O consenso é de que novas alienações de ativos podem destravar valor, desde que direcionadas à desalavancagem e ao fortalecimento da geração de caixa.