Oi (OIBR3): O que acontece com os acionistas após a falência?

Bens da Oi serão vendidos para pagar dívidas, mas acionistas estão no fim da fila de pagamento.

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Publicado em 11/11/2025 às 08:28h - Atualizado 2 minutos atrás Publicado em 11/11/2025 às 08:28h Atualizado 2 minutos atrás por Marina Barbosa
Justiça determinou a falência da Oi (Imagem: Shutterstock)
Justiça determinou a falência da Oi (Imagem: Shutterstock)

A Justiça do Rio de Janeiro decretou a falência da Oi (OIBR3), por entender que a companhia não tem mais condições de cumprir com as suas obrigações financeiras.

A decisão fez a B3 suspender as negociações com ações da Oi e deixou muitos acionistas em dúvida do que acontece agora com o seu investimento.

⚠️ De acordo com especialistas, a chance de os acionistas recuperarem seus investimentos é pequena. Afinal, a prioridade da justiça será pagar os credores da Oi e, como a situação da empresa é complicada, deve sobrar pouco ou nenhum recurso para os investidores.

Com a falência, os bens da Oi serão vendidos para garantir o pagamento dos seus credores. E o pagamento será realizado de acordo com a ordem de preferência determinado pela legislação brasileira.

Isto é, primeiro serão pagos os trabalhadores, depois os créditos com garantias reais, as dívidas tributárias, os créditos sem garantia real, as multas e, só por último, os acionistas da empresa, caso ainda haja recursos disponíveis.

Os dados apresentados pela justiça, no entanto, sugerem que a Oi pode não ter recursos suficientes para quitar todos esses débitos. 

Por isso, especialistas admitem que os acionistas podem ficar no prejuízo. Contudo, dizem que os investidores poderiam acionar a Justiça para recuperar parte dessas perdas caso fique comprovado que houve irregularidades ou má gestão na empresa.

Ações na mínima histórica

Vale lembrar que muitos desses investidores já podem ter sofrido perdas. Afinal, as ações da Oi derreteram durante o processo de recuperação judicial e venda de ativos das empresas.

📉 Só neste ano, as ações ordinárias da Oi caíram mais de 85% na B3. Por isso, o papel era negociado por R$ 0,18, a mínima histórica, quando suas negociações foram suspensas pela bolsa brasileira na segunda-feira (10).

Já as ações preferenciais da Oi acumulam um baque de 73% no acumulado de 2025 e eram cotadas a R$ 2,43, também na mínima histórica, no último momento de negociação na B3.

A situação da Oi

💲 Ao decretar a falência da Oi, a juíza Simone Gastesi Chevrand, da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, explicou que a companhia possuía quase R$ 1,7 bilhão em dívidas ao final de outubro. Contudo, apresentava uma receita mensal de aproximadamente R$ 200 milhões e um "patrimônio esvaziado (além de difícil alienação de grande parte dele)".

"O que se tem é uma empresa com patrimônio diminuído, incapaz de fazer frente aos débitos que lhe são dirigidos. Ou seja, chegou à situação de 'liquidação substancial'", comentou.

A juíza lembra, contudo, que "há uma grandiosidade de credores submetidos à suspensão da exigibilidade de seus créditos - concursais e extraconcursais – que merecem definição de suas situações".

Por isso, acredita que "não há mínima viabilidade financeira no cumprimento das obrigações devidas pela Oi". "Não há mais surpresas quanto ao estado do Grupo em recuperação judicial. A Oi é tecnicamente falida", afirmou a magistrada.

Diante dessa avaliação, a juíza Simone Gastesi Chevrand decretou a falência da Oi na segunda-feira (10). Contudo, manteve o funcionamento provisório das atividades essenciais da empresa, para garantir a conectividade da população e dos órgãos atendidos pela Oi até a transição desses serviços a outras empresas. A juíza ainda manteve a recuperação judicial das subsidiárias da Oi, Serede e Tahto.

Balanço adiado

Com a decretação de falência, a Oi adiou a publicação dos resultados do terceiro trimestre de 2025, que eram esperados para esta quarta-feira (12). 

A companhia disse que será necessário mais tempo para concluir as demonstrações financeiras diante dessa situação e que, por isso, o balanço será divulgado em "data a ser oportunamente divulgada".

Ao decretar a falência, a juíza Simone Gastesi Chevrand disse, contudo, que os resultados da Oi não eram mais decorrentes essencialmente da sua atividade empresarial, mas sobretudo da venda de ativos e da contração de empréstimos. 

"Segundo relatórios apresentados pela Administração judicial e pelo observador do Juízo, a empresa sempre se manteve com o produto de alienações de ativos e oneração. Não houve um momento sequer em que a atividade empresarial se mostrasse bastante para mantê-la. Na realidade, isto sempre ficou muito longe e aquém do necessário", afirmou.

No segundo trimestre de 2025, a Oi teve um prejuízo de R$ 835 milhões. Contudo, alegou que a receita das operações que continuavam sob sua administração haviam crescido 8,4% no período.

Com a venda das unidades de fibra óptica e televisão por assinatura, a Oi vinha concentrando suas atividades na oferta de soluções de tecnologia e conectividade para o mercado corporativo por meio da Oi Soluções. A companhia também mantinha o serviço de telefonia fixa nas localidades que não são atendidas por outra empresa, conforme determinado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).