Nova reserva de valor? Bitcoin mira US$ 200 mil após fuga histórica do ouro

Com a queda do ouro e entrada recorde em ETFs de cripto, o Bitcoin ganhou fôlego e pode atingir US$ 200 mil. Entenda o que está por trás da nova alta.

Author
Publicado em 27/10/2025 às 15:35h - Atualizado 7 minutos atrás Publicado em 27/10/2025 às 15:35h Atualizado 7 minutos atrás por Matheus Silva
Nos últimos anos, o ouro havia se fortalecido como proteção contra a inflação (Imagem: Shutterstock)
Nos últimos anos, o ouro havia se fortalecido como proteção contra a inflação (Imagem: Shutterstock)
🚨 Depois de alcançar o recorde de US$ 4.378 por onça, o ouro iniciou uma fase de realização de lucros em outubro de 2025. O movimento abriu espaço para que o Bitcoin (BTC) ganhasse força como nova reserva de valor, com analistas projetando que a criptomoeda pode alcançar até US$ 200 mil no curto a médio prazo.
A correção no preço do ouro e o fluxo crescente de capital para ETFs de Bitcoin reforçam a tese de que o mercado está migrando para ativos digitais diante de um cenário de juros elevados, incertezas macroeconômicas e busca por retorno.

Realização no ouro após máxima histórica

O ouro à vista recuou para US$ 4.023 em 17 de outubro, queda de 8,1% em relação à máxima histórica registrada no mesmo mês. Entre os fatores que explicam o movimento estão a sinalização do presidente Donald Trump de que as tarifas sobre a China poderiam ser reduzidas e o fortalecimento do dólar.
Nos últimos anos, o ouro havia se fortalecido como proteção contra inflação, injeções de liquidez e incerteza política. A trajetória de alta foi especialmente intensa entre 2022 e 2025, quando bancos centrais ampliaram suas compras para mais de 1.000 toneladas anuais.

Migração para o “ouro digital” e boom nos ETFs

Com o início da correção do ouro, investidores voltaram os olhos para o Bitcoin. O conceito de “ouro digital” voltou a ganhar força, especialmente entre uma geração mais jovem, mais aberta à descentralização e ativos digitais.
A entrada líquida em ETFs de Bitcoin nos Estados Unidos bateu recorde no início de outubro, com US$ 3,55 bilhões em apenas uma semana, liderados pelo iShares Bitcoin Trust, da BlackRock. No mesmo período, ETFs de ouro registraram saídas de US$ 2,8 bilhões, sinalizando um fluxo direto de capital entre os dois mercados.

O caminho até os US$ 200 mil

Segundo a XP Investimentos, o halving ocorrido em abril de 2024, que reduziu a recompensa por bloco minerado, já começa a se refletir na oferta limitada de Bitcoin. A queda dos saldos nas exchanges para o menor nível em seis anos (2,83 milhões de BTC) também reduz a pressão de venda.
O endividamento global, que atingiu US$ 338 trilhões no primeiro semestre de 2025, representa 235% do PIB mundial e aumenta o apelo de ativos fora do sistema tradicional, como o BTC.
“Acreditamos que a marca de US$ 200 mil representa um ponto psicológico importante. Caso o fluxo institucional se mantenha, esse nível é alcançável em um horizonte de 6 a 12 meses”, avalia um relatório da Bernstein.

Obstáculos para o rali

Apesar do otimismo, especialistas alertam para riscos no caminho:
  • Volatilidade: o Bitcoin continua sujeito a oscilações abruptas, especialmente em momentos de realização por grandes investidores.
  • Regulação: a falta de clareza regulatória em grandes mercados pode limitar o apetite institucional.
  • Retorno do ouro: embora pressionado, o ouro ainda possui base sólida como ativo de proteção.
  • Concorrência: ações, títulos tokenizados e até moedas digitais de bancos centrais podem competir pela atenção dos investidores.

Um novo ciclo geracional

A preferência por ativos digitais reflete uma mudança geracional. Investidores mais jovens demonstram preferência por ativos programáveis, enquanto gerações mais antigas ainda apostam na estabilidade do ouro físico.
📈 Para especialistas, ouro e Bitcoin devem coexistir em estratégias de alocação, cada um oferecendo características distintas de proteção e crescimento.