Lula e Trump conversam por videoconferência; veja o que foi discutido

Lula pediu o fim das tarifas e das sanções aplicadas pelos Estados Unidos contra o Brasil.

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Publicado em 06/10/2025 às 11:35h - Atualizado 55 minutos atrás Publicado em 06/10/2025 às 11:35h Atualizado 55 minutos atrás por Marina Barbosa
Lula e Trump ainda devem se encontrar pessoalmente (Imagem: Shutterstock)
Lula e Trump ainda devem se encontrar pessoalmente (Imagem: Shutterstock)

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump conversaram, por videoconferência, nesta segunda-feira (6).

A reunião durou cerca de 30 minutos e tratou, sobretudo, das tarifas e sanções impostas pelos Estados Unidos ao Brasil.

💲 Segundo o Palácio do Planalto, Lula pediu a retirada da sobretaxa de 40% imposta pelos americanos aos produtos brasileiros, o que resulta em uma tarifa total de 50% sobre itens como carnes, frutas e etanol.

Além disso, o presidente brasileiro solicitou o fim das medidas restritivas aplicadas pelos Estados Unidos contra autoridades brasileiras, no âmbito da Lei Magnistky.

O governo brasileiro argumenta que não há razão para essa tarifa, já que os Estados Unidos mantêm superávit na balança comercial com o Brasil.

Lula também disse que sanções, como a suspensão dos vistos de ministros brasileiros, não são justas e deveriam ser rediscutidas. E destacou a disposição do Brasil para o diálogo e para a negociação, segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin.

"O presidente Lula descreveu o contato como uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente", relatou o governo, em nota.

Trump diz que gostou da conversa

Nas redes sociais, Trump confirmou que a conversa passou por "muitos assuntos", mas focou principalmente na economia e no comércio entre os dois países.

🗣 O presidente americano ainda classificou a conversa como "muito boa" e indicou que as negociações vão continuar em breve. 

"Gostei da conversa — nossos países se darão muito bem juntos!", escreveu.

Negociações continuam

Os pedidos agora devem ser discutidos de forma mais detalhada pelos dois países. Do lado brasileiro, o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, devem tocar as negociações. Já na parte americana, o escolhido foi o secretário de Estado Marco Rubio.

📞 Lula e Trump também devem voltar a discutir o assunto diretamente. Isso porque os dois presidentes trocaram telefones, para estabelecer uma via direta de comunicação. E ambos concordaram em se encontrar pessoalmente em breve. 

A expectativa é de que os líderes voltem a se encontrar na Cúpula da Asean, que acontece a partir do próximo dia 26 na Malásia. Ainda assim, Lula reforçou o convite para que Trump participe da COP30, em Belém do Pará, em novembro. O brasileiro também se colocou à disposição para viajar aos Estados Unidos para se encontrar com o americano.

Nas redes sociais, Trump indicou que estava aberto para todas essas possibilidades. "Teremos novas discussões e nos encontraremos em um futuro não muito distante, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos", escreveu o republicano.

"Tom amistoso"

Em nota, o Palácio do Planalto destacou que a conversa entre os dois presidentes ocorreu em tom amistoso nesta segunda-feira (6).

Segundo o governo, Lula e Trump "relembraram a boa química que tiveram em Nova York por ocasião da Assembleia Geral da ONU" e "reiteraram a impressão positiva daquele encontro".

Trump e Lula abriram um canal de diálogo durante a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).

"Por 39 segundos, nós tivemos uma ótima química e isso é um bom sinal", disse Trump, após encontrar com Lula nos corredores da ONU e marcar uma reunião com o brasileiro.

No dia seguinte, Lula disse estar otimista para o encontro e indicou que a negociação poderia passar por diversos temas, inclusive pela exploração de minerais críticos e terras raras do Brasil, que são de interesse dos americanos.

Para governo brasileiro, saldo foi positivo

Lula fez a videoconferência com Trump no Palácio da Alvorada, a residência oficial do presidente brasileiro.

Ele estava companhado do vice-presidente Geraldo Alckmin, dos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda) e Sidônio Palmeira (Comunicação Social), e do assessor especial Celso Amorim.

Alckmin classificou a reunião como "extremamente positiva" e até "melhor do esperávamos". Ele acredita, então, que "próximos passos importantes" serão tomados nessa negociação.

"Estamos otimistas de que vamos avançar para o ganha a ganha nessa relação, com investimentos recíprocos e o equacionamento da questão tarifária", afirmou o vice-presidente.

Na saída da reunião, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também avaliou que o saldo da conversa foi positivo do ponto de vista econômico.

No sábado (4), Alckmin já havia dito que o contato na ONU havia sido benéfico, pois foi seguido pela redução das tarifas cobradas sobre produtos como madeira e móveis.

Mercado monitora

Apesar de aguardada há quase duas semanas, a conversa entre Lula e Trump só foi confirmada publicamente na manhã desta segunda-feira (6).

O mercado monitorou de perto as reações das autoridades de ambos os países. Afinal, a negociação pode interferir nas tarifas que hoje pressionam as exportações de muitas empresas brasileiras para os Estados Unidos.

Por isso, os negócios na bolsa brasileira oscilam enquanto a situação fica mais clara. Às 11h30, o Ibovespa caía 0,32%, aos 143.739 pontos. Já o dólar recuava 0,24% e era cotado a R$ 5,32.

Veja o que os presidentes disseram sobre a conversa nas redes sociais: