Itaú (ITUB4) acusa ex-diretor por possíveis fraudes e avalia ação judicial; entenda

As acusações sugerem que Broedel utilizou sua posição para aprovar contratos no valor de R$ 10,45 milhões nos últimos quatro anos.

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Publicado em 07/12/2024 às 16:02h - Atualizado 4 dias atrás Publicado em 07/12/2024 às 16:02h Atualizado 4 dias atrás por Matheus Rodrigues
A soma dos prejuízos estimados pelo Itaú, até o momento, é de R$ 11,46 milhões (Imagem: Shutterstock)

🚨 O Itaú Unibanco (ITUB4), uma das maiores instituições financeiras do Brasil, enfrenta uma crise interna que promete reverberar nos tribunais em 2025.

Após acusações contundentes contra seu ex-diretor financeiro Alexsandro Broedel, o banco alega indícios de práticas irregulares que incluem gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e conflito de interesses, envolvendo pagamentos suspeitos a fornecedores com possíveis vínculos pessoais.

As acusações, detalhadas em ata de uma assembleia geral extraordinária realizada pelo Itaú, sugerem que Broedel utilizou sua posição privilegiada para aprovar contratos no valor de R$ 10,45 milhões nos últimos quatro anos com a Care, empresa cujo sócio é Eliseu Martins, parceiro de negócios de Broedel há mais de duas décadas.

O Itaú afirma que parte dos valores pagos à empresa teria retornado ao ex-diretor por meio de transferências financeiras suspeitas.

Além disso, o banco aponta irregularidades na entrega de serviços contratados: cerca de 20 dos 40 pareceres técnicos encomendados não foram localizados, e pagamentos antecipados sem justificativa foram detectados.

A soma dos prejuízos estimados pelo Itaú, até o momento, é de R$ 11,46 milhões, considerando tanto os pareceres não entregues quanto as supostas transferências irregulares.

Medidas legais

O Itaú já adotou uma postura agressiva no caso. Em dezembro, a instituição protocolou um protesto interruptivo de prescrição para garantir que eventuais crimes não sejam anulados pelo prazo prescricional.

Essa medida prepara o terreno para uma ação civil de reparação de danos que deverá ser formalizada após o recesso do Judiciário, em janeiro de 2025.

Além disso, o caso foi reportado ao Banco Central (BC), ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A repercussão regulatória é uma preocupação crescente, dado o impacto potencial sobre a reputação do banco e a confiança dos investidores.

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A defesa de Broedel

Em meio às acusações, Alexsandro Broedel não tardou em responder. Em nota divulgada à imprensa, o ex-diretor classificou as alegações como "infundadas e sem sentido" e declarou que tomará medidas legais para proteger sua reputação.

Ele argumenta que os serviços contratados pela Care eram de conhecimento de diversas áreas do banco e estavam em conformidade com as necessidades operacionais do Itaú.

Broedel também destacou que a relação com Eliseu Martins, fornecedor do banco há décadas, nunca havia sido questionada até sua saída do Itaú para assumir um cargo global no Santander, em Madri. Ele considera a ação do banco como uma tentativa de retaliação e vê "profunda estranheza" no momento escolhido para as acusações.

Governança em xeque

O caso traz à tona debates importantes sobre governança corporativa e ética empresarial em grandes instituições financeiras.

A possível falha nos controles internos do Itaú, que permitiu a aprovação de contratos suspeitos durante anos, levanta questões sobre a eficácia de seus sistemas de compliance e auditoria.

Analistas de mercado alertam que a repercussão do caso pode afetar a percepção de transparência e integridade da instituição, impactando a confiança de investidores e clientes.

"Esse é um exemplo claro de como a governança corporativa é crucial para evitar riscos reputacionais em grandes organizações", comenta um especialista do setor.

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Outro caso

Nesta semana, o banco também enfrentou uma reviravolta em sua alta liderança com a demissão de Eduardo Tracanella, Chief Marketing Officer (CMO) do banco, após quase três décadas de carreira na instituição.

Segundo informações divulgadas pelo jornal Valor Econômico, a saída de Tracanella teria sido motivada por mau uso do cartão corporativo, configurando um "sério desvio de conduta".

A decisão foi comunicada internamente pelo diretor executivo de Recursos Humanos do banco, Sérgio Fajerman, que reforçou o compromisso do Itaú em aplicar suas regras de forma igualitária, independentemente do cargo ocupado.