Fundo imobiliário afunda na Bolsa após cortar dividendos e deixar cotistas furiosos

A forte desvalorização ocorre na sequência do anúncio de que não haverá distribuição de dividendos em dezembro.

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Publicado em 11/12/2024 às 11:55h - Atualizado 3 minutos atrás Publicado em 11/12/2024 às 11:55h Atualizado 3 minutos atrás por Matheus Rodrigues
A decisão está alinhada com um novo ofício da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) (Imagem: Shutterstock)

🚨 O fundo imobiliário Hectare CE (HCTR11), conhecido por ser um dos maiores FIIs de "papel" do mercado brasileiro, registrou uma queda de quase 20% nesta quarta-feira (11).

A forte desvalorização ocorre na sequência do anúncio de que não haverá distribuição de dividendos em dezembro, conforme comunicado aos cotistas divulgado na última terça-feira (10).

Segundo o informe oficial, o HCTR11 não apresentou resultado positivo em novembro de 2024, o que inviabilizou a distribuição de rendimentos neste mês.

A decisão está alinhada com um novo ofício da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que estabelece critérios mais rígidos para a distribuição de lucros pelos fundos imobiliários.

De acordo com a regulamentação, os FIIs devem optar entre calcular os dividendos com base no lucro caixa ou no lucro contábil, sem a possibilidade de alternar entre os modelos.

No caso do HCTR11, o modelo contábil revelou prejuízos, especialmente devido à desvalorização de alguns de seus ativos, o que resultou na interrupção dos pagamentos.

Desafios enfrentados pelo HCTR11

O HCTR11 é categorizado como um fundo high yield – de maior risco – e possui sua carteira composta majoritariamente por Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).

Nos últimos anos, o fundo tem enfrentado uma série de inadimplências em seus ativos, comprometendo sua rentabilidade e confiança dos investidores.

Apesar de possuir um patrimônio líquido estimado em R$ 2,5 bilhões, o valor de mercado das cotas despencou para cerca de R$ 400 milhões.

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Para os cotistas, a notícia é um golpe duro. No mês passado, o fundo ainda havia distribuído R$ 0,37 por cota, oferecendo um dividend yield de 1,3% para os investidores que adquiriram as cotas no final de outubro.

Contudo, a interrupção na distribuição de rendimentos reforça os riscos associados ao investimento em fundos imobiliários de papel, especialmente aqueles expostos a CRIs de maior risco.

Além disso, a queda acentuada no valor das cotas não apenas afeta os investidores existentes, mas também pode reduzir a atratividade do fundo para novos aportes, limitando sua capacidade de captar recursos no futuro.

O que esperar daqui para frente?

A decisão do HCTR11 de zerar os dividendos traz à tona questões importantes sobre o impacto da nova regulamentação da CVM no mercado de FIIs.

Para os investidores, o caso destaca a necessidade de uma análise criteriosa ao investir em fundos imobiliários, especialmente aqueles de perfil high yield, que podem oferecer retornos elevados, mas estão sujeitos a maiores riscos de inadimplência e volatilidade.

📈 O cenário também reacende o debate sobre a transparência na comunicação dos fundos com os cotistas, já que muitos investidores foram surpreendidos pela decisão, apesar dos sinais prévios de dificuldades financeiras na carteira.