Funcionários de fábrica da BYD são resgatados de trabalho análogo à escravidão na Bahia

Trabalhadores chineses prestavam serviço para uma empresa terceirizada, contratada pela montadora de elétricos

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Publicado em 26/12/2024 às 13:22h - Atualizado 14 horas atrás Publicado em 26/12/2024 às 13:22h Atualizado 14 horas atrás por Wesley Santana
BYD é uma montadora chinesa de carros elétricos (Imagem: Shutterstock)

Uma força-tarefa do Ministério Público do Trabalho resgatou 163 empregados de uma fábrica da BYD na Bahia. Todos os trabalhadores eram chineses e prestavam serviços em "condições análogas à de escravos", conforme destacaram os agentes.

🚘 Além de resgatar os estrangeiros, o MPT suspendeu as atividades da fábrica, em que uma terceira empresa foi contratada para construir o local, prestando serviço à montadora de carros elétricos. O comunicado do órgão diz que os operários trabalham em condições precárias, dormindo em camas sem colchões e com um banheiro para cada 30 pessoas.

"As condições encontradas nos alojamentos revelaram um quadro alarmante de precariedade e degradância. No primeiro alojamento da Rua Colorado, os trabalhadores dormiam em camas sem colchões, não possuíam armários para seus pertences pessoais, que ficavam misturados com materiais de alimentação. A situação sanitária era especialmente crítica, com apenas um banheiro para cada 31 trabalhadores, forçando-os a acordar às 4h para formar fila e conseguir se preparar para sair ao trabalho às 5h30", explicaram os auditores fiscais.

O local era mantido pela empreiteira Jinjiang Group, contratada pela BYD para a construção da fábrica. A empresa deve ter audiência nesta quinta-feira (26) com o MPT para prestar esclarecimentos e apresentar um plano para regularizar a situação.

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Em nota, a BYD destacou que foi notificada pelo Ministério Público do Trabalho e que rescindiu o contrato com a empresa contratada. A montadora chinesa também afirmou que não tolera o desrespeito à lei brasileira e á dignidade humana.

“A BYD Auto do Brasil reitera seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, em especial no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores. Por isso, está colaborando com os órgãos competentes desde o primeiro momento e decidiu romper o contrato com a construtora Jinjiang”, afirmou Alexandre Baldy, Vice-presidente sênior da BYD Brasil .

A Jinjiang, por sua vez, disse que a descrição das autoridades brasileiras é inconsistente com os fatos e que "há mal-entendidos na tradução".

"Ser injustamente rotulado como 'escravizado' fez com que nossos funcionários sentissem que sua dignidade foi insultada e seus direitos humanos violados, ferindo seriamente a dignidade do povo chinês. Assinamos uma carta conjunta para expressar nossos verdadeiros sentimentos", escreveu a empresa por meio de uma rede social.

A fábrica em questão está sendo construída para ampliar a capacidade de produção da BYD para 150 mil carros no Brasil. A estratégia da companhia é uma forma de fugir dos impostos sobre veículos elétricos importados, previsto para começar em 2026 no Brasil.