Ambipar (AMBP3) dispara 1.700% e propõe desdobramento de ações; o que esperar?

A iniciativa surge após um impressionante rali das ações na B3, que acumulam valorização de 600% nos últimos doze meses.

Author
Publicado em 11/07/2025 às 20:21h - Atualizado 8 horas atrás Publicado em 11/07/2025 às 20:21h Atualizado 8 horas atrás por Matheus Silva
A proposta será votada em assembleia-geral extraordinária no dia 4 de agosto de 2025 (Imagem: Shutterstock)

🚨 A  Ambipar (AMBP3) anunciou nesta sexta-feira (11) uma proposta de  desdobramento de ações na proporção de 1 para 10, com o objetivo de tornar os papéis mais acessíveis ao investidor pessoa física e aumentar a liquidez no mercado.

A iniciativa surge após um impressionante rali das ações na  B3 (B3SA3), que acumulam valorização de 600% nos últimos doze meses — e um crescimento de 1.700% desde as mínimas de 2024.

A proposta será votada em assembleia-geral extraordinária no dia 4 de agosto de 2025, e, se aprovada, cada ação ordinária da companhia passará a ser representada por dez novas ações da mesma espécie, sem diluição do valor total detido por cada acionista.

Segundo a Ambipar, o objetivo da operação é aumentar a base de investidores ao tornar o preço por ação mais atrativo, além de ampliar a liquidez dos papéis em circulação.

Alta histórica e movimentos coordenados

A disparada das ações da Ambipar teve início em maio de 2024, inicialmente impulsionada por recompras da própria companhia e aquisições realizadas pelo controlador Tercio Borlenghi Junior.

O movimento ganhou força com a entrada de fundos geridos pela Trustee e culminou em um fenômeno conhecido como short squeeze — quando investidores que estavam vendidos (apostando na queda) são forçados a recomprar ações, alimentando ainda mais a alta.

No entanto, a forte valorização chamou a atenção da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que abriu investigação sobre o comportamento atípico dos papéis.

A autarquia concluiu que houve ação coordenada entre o controlador da empresa, fundos ligados ao  Banco Master e o empresário  Nelson Tanure, o que pode configurar manipulação de mercado.

➡️ Leia mais:  Banco do Brasil (BBAS3): Lucro pode cair mais e o vilão não é só o agro, diz Safra

Relação com a privatização da EMAE

Um dos pontos-chave da investigação da CVM é a conexão entre a valorização das ações da Ambipar e a privatização da EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), arrematada por Tanure em abril de 2024.

Segundo a autarquia, as ações da Ambipar foram utilizadas como garantia financeira para o financiamento da compra da estatal, com Tercio atuando como fiador da operação.

A CVM determinou a realização de uma  oferta pública de aquisição (OPA) obrigatória pelas ações restantes da companhia na bolsa.

“O movimento coordenado de aquisições de ações da Ambipar criou as condições ideais para viabilizar as garantias da operação de compra da EMAE e, ao mesmo tempo, valorizou substancialmente o patrimônio do Sr. Tercio”, concluiu o relatório da CVM.

➡️ LEIA MAIS:  Renda fixa em alta: Tesouro, IPCA e crédito privado são apostas da XP para 2025

O que muda com o desdobramento?

Caso o desdobramento seja aprovado, o número total de ações em circulação aumentará em dez vezes, mas o valor de mercado da empresa continuará o mesmo.

A proposta visa atrair novos investidores ao tornar o preço unitário mais acessível, prática comum entre companhias que passam por fortes valorizações.

O mercado, contudo, permanece atento às implicações regulatórias e possíveis sanções da CVM, especialmente diante da exigência de uma OPA.