No mesmo dia em que foi divulgado o déficit de R$ 14,5 bilhões gerado pelo Governo Central do Brasil em setembro de 2025, as taxas do
Tesouro Direto voltaram a disparar nesta quinta-feira (30), trazendo consigo prejuízos na marcação a mercado.
Mais uma vez, o
Tesouro Renda+ 2065 foi o mais afetado pelo revés, dado o seu prazo de vencimento longuíssimo. Sua remuneração saltou de
IPCA+ 6,94% ao ano no último dia 29 de outubro para bater nos atuais
IPCA+ 6,99% ao ano.
Em compensação, o preço unitário desse título público desenhado para o acúmulo de aposentadoria extra oscilou de R$ 184,92 para R$ 180,98 em apenas um pregão, provocando prejuízo na marcação a mercado de -2,13%.
Vale ressaltar que essa variação negativa no patrimônio de quem emprestou dinheiro ao governo brasileiro só se materializará no bolso dos investidores de
renda fixa somente se os mesmos decidirem ou precisarem resgatar antecipadamente suas aplicações.
De olho nas contas públicas
A divulgação do resultado do Tesouro Nacional referente ao mês de setembro revelou que o consolidado do órgão, junto ao Banco Central e à Previdência Social, os três pilares do Governo Central, teve o seu pior patamar desde 2020. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o déficit quase triplicou, já que havia somado R$ 5,2 bilhões.
Chama a atenção que os
juros compostos crescentes no Tesouro Direto também refletem certo grau de desconfiança dos investidores institucionais durante os mais recentes leilões de dívida pública.
Justamente no leilão do Tesouro Nacional realizado neste dia 30 de outubro, os grandes bancos não arremataram 100% da oferta de títulos prefixados que financiam as contas públicas. O governo colocou na mesa 1 milhão de títulos
Tesouro Prefixado 2032, só que as instituições financeiras só compraram 960 mil títulos, um volume financeiro de R$ 435,6 milhões.
Do ponto de vista do governo brasileiro, é melhor indexar a maior parte de sua dívida em Tesouro Prefixado, sobretudo em vencimentos de longo prazo, uma vez que se tem previsibilidade do custo da dívida, bem diferente das flutuações presentes nos Tesouro Selic e Tesouro IPCA+.