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O Brasil é um dos poucos países no mundo que tem o potencial de tirar uma casquinha da corrida da inteligência artificial (IA), apesar de não estar ainda na fronteira tecnológica. A resposta para esse enigma está no desembarque dos datas centers em solo nacional, que, inclusive, podem beneficiar um seleto grupo de ações brasileiras listadas na B3.
Pelo menos é essa a tese de investimento no radar do BTG Pactual, que publicou nesta sexta-feira (5) um relatório inteiramente dedicado a explorar como o Brasil pode tirar proveito da demanda global por data centers, infraestrutura de dados essenciais para a indústria de inteligência artificial.
Afinal de contas, um data center requer diversos elementos para operar eficientemente, como: energia de baixo custo, estável e disponível; conexão de rede confiável; acesso a sistemas de refrigeração e água; estabilidade geográfica com baixo risco de desastres naturais; infraestrutura e logística sólida; terrenos adequados e acessíveis; força de trabalho qualificada; e, por fim, segurança física e cibernética, além de um ambiente regulatório favorável.
Na visão do BTG Pactual, apenas o Brasil e o Chile são os únicos países que parecem dar conta da maioria dos atributos citados para que os data centers vinguem aqui na América do Sul.
"Ambos os países podem atrair investimentos caso avancem em marcos regulatórios adequados, priorizando regras de dados que facilitem negócios e a favor da segurança, além de aproveitar a infraestrutura energética já existente", destaca o time de analistas do banco, em relatório.
E para fazer sentido a recomendação de empresas listadas na bolsa de valores brasileira, que o BTG Pactual enxerga potencial dado o desembarque dos datas centers, é preciso lembrar que os projetos de inteligência artificial são intensivos em consumir energia elétrica.
Um vídeo de apenas seis segundos gerado por IA, por exemplo, consome energia suficiente para carregar oito celulares ou dois laptops. Se o Brasil e o Chile souberem capturar a oportunidade, enfrentando suas respectivas ineficiências, ambos os países podem se tornar um paraíso para data centers.
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Caso o Brasil consiga se firmar com um relevante destino capaz de sediar vários imóveis destinados a servirem como datas centers, o BTG Pactual filtra cinco elétricas na B3 como as principais beneficiárias:
Além disso, os analistas consideram que as elétricas que atualmente sofrem com restrições de produção de energias renováveis também poderiam aproveitar o aumento de investimentos para suprimir a demanda dos datas centers, incluindo:
"O setor elétrico poderia ganhar com contratos mais longos e robustos, além da redução das restrições. As distribuidoras de energia nas regiões impactadas se beneficiariam de maiores investimentos e consequente expansão da RAB (Base de Ativos Regulatórios). Já a economia e a força de trabalho dos países poderiam capturar ganhos significativos", argumentam os analistas do banco.
E o Brasil dispõe de ampla capacidade de geração energética para sustentar um eventual crescimento de IA. No Nordeste, por exemplo, devido às características regionais de oferta e demanda, uma parcela significativa de energia tem sido desperdiçada por restrições em fontes renováveis.
Mais de 20% da geração de energias renováveis (solar e eólica) vem sendo desligada por falta de demanda regional e de capacidade de transmissão. Essa energia nordestina é simplesmente eliminada do sistema e poderia ser utilizada para abastecer a nova capacidade de data centers.
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